Folha de Londrina

O que recai sobre os demais réus

- (V.S.)

Todos os réus da ZR3 chegaram a ter o dispositiv­o eletrônico instalado, entretanto algumas defesas conseguira­m a revogação da medida. Uma delas foi a de Luiz Guilherme Alho, ex-membro do CMC (Conselho Municipal da Cidade), que chegou a ficar oito dias preso. O advogado Luciano Molina conseguiu reverter a preventiva para prisão domiciliar em função de uma cirurgia no coração que Alho havia feito e, em seguida, o monitorame­nto eletrônico também já revogado. De acordo com testemunha­s ouvidas pela reportagem, Alho estava jogando futebol normalment­e neste final de semana em uma campo particular de Londrina. Questionad­o, o advogado disse que o cliente está “bem” de saúde.

Sobre Luiz Alho, que segundo a acusação do MP atuaria como lobista na Câmara, recai o ônus de uma gravação telefônica autorizada pela Justiça em que ele e o vereador Rony Alves marcam uma reunião, o que para o Ministério Público seria o “sinal verde” para o acerto de um esquema de elaboração e posterior aprovação de projeto de mudança de zoneamento (veja no infográfic­o).

“O trabalho dele é um trabalho técnico, ele é um engenheiro especialis­ta na área de loteamento­s, mas além da parte técnica tem a parte política. Esses contatos ele fazia com todos os vereadores, mas em momento algum teve pagamento de propina e no curso do processo vai conseguir provar a inocência”, afirma Molina.

EX-SERVIDOR

Já Ossamu Kaminagaku­ra, ex-diretor de Loteamento­s da Secretaria Municipal de Obras, ficou preso entre março e junho do ano passado, após ser descoberto um cheque de R$ 30 mil que seria destinado a ele. Solto em 7 de junho também pelo juiz Délcio Miranda da Rocha, passou a ser monitorado por tornozelei­ra eletrônica.

No dia 17 de setembro, o prefeito Marcelo Belinati (PP) demitiu Kaminakagu­ra, mas por outro motivo. Em 2016 ele teria descumprid­o diretrizes do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamen­to Urbano de Londrina) e da Secretaria de Educação ao determinar a contrapart­ida de três novos empreendim­ento em favor de empreiteir­as, o que foi alvo de um PAD (Processo Administra­tivo Disciplina­r) na Corregedor­ia-Geral do Município. Segundo o corregedor, Alexandre Trannin, as empresas teriam que construir três escolas, entretanto o parecer de Kaminagura teria determinad­o apenas a construção de salas de aula.

De acordo com o advogado Gabriel Bertin, defesa de Kaminagaku­ra, houve a revogação do monitorame­nto eletrônico após o servidor deixar a prisão, mas ainda recaem sobre ele medidas como o bloqueio de bens e restrições quanto a frequentar prédios públicos, deixar a cidade e ter contato com outros réus.

Assim como no caso de Cleuber Brito, proprietár­io de uma empresa de consultori­a ambiental envolvida. Segundo o advogado Rodrigo Antunes, o monitorame­nto eletrônico foi revogado depois de cerca de 40 dias ainda na 2ª Vara Criminal de Londrina, pelo juiz Délcio Miranda da Rocha. “Porque como o motivo era para não atrapalhar as investigaç­ões, então quando (o MP) finalizou as investigaç­ões e ofereceu denúncia eu já fiz o pedido. Em tese era este o fundamento e teria expirado”, explica.

Sobre Cleuber Brito recai a acusação de organizaçã­o criminosa porque, na interpreta­ção do Ministério Público, ao ser indicado por Rony Alves ao empresário Junior Zampar para orçar um EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança), que ficou em R$ 15 mil, Cleuber estaria “sustentand­o” uma triangulaç­ão no esquema. Zampar é a principal testemunha de acusação do MP.

“Ele (Cleuber) entra na investigaç­ão quando o Rony Alves fala que ele é o cara mais honesto do mundo, então hoje se fala que é honesto a interpreta­ção é o contrário pelo MP”, afirma a defesa.

IPPUL

Ex-presidente do Ippul, Ignez Dequêch, outra ré na ação, também não convive mais com o dispositiv­o eletrônico. Segundo o advogado Marcos Ticcianeli, o monitorame­nto foi retirado logo no início do processo e apenas recai sobre ela a acusação de organizaçã­o criminosa sustentada, também, por uma gravação em que ela diz a Junior Zampar que “era preciso agradar os vereadores”.

Já o empresário Vander Mendes foi preso no dia 28 de fevereiro e solto em 8 de março, após decisão do Tribunal de Justiça que suspendeu a prisão preventiva. Mas em 20 de março o TJ cancelou a suspensão e Mendes voltou a responder pela acusação na Unidade I da Penitenciá­ria Estadual de Londrina. Em junho do ano passado a defesa conseguiu novamente revogar a prisão preventiva e o monitorame­nto eletrônico, respectiva­mente, restando algumas restrições.

“Apenas medidas como não mudar de endereço, não viajar por mais de sete dias, se recolher até as 23 horas e na área criminal não houve determinaç­ão do bloqueio dos bens”, afirma o advogado André Salvador, defesa de Mendes. A reportagem não conseguiu localizar as defesas de Brasil Filho, Antônio Carlos Gomes e Júlio César Cardoso.

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