‘Candidato avulso’, Barros aposta no corpo a corpo
Deputado paranaense se lança como alternativa à candidatura de Rodrigo Maia e garante que já conversou com 90% da Câmara
Curitiba
- Mesmo sem o apoio formal de nenhuma legenda, o deputado federal e ex-ministro da Saúde Ricardo Barros (PP-PR) se disse confiante na eleição para a Presidência da Câmara. Ele anunciou a intenção de concorrer pouco tempo depois de o PSL se juntar a Rodrigo Maia (PSL-DEM), o que culminou com a retirada de siglas mais progressistas do bloco.
“Algumas mudanças aconteceram, de posicionamento dos partidos. Eu estou fazendo uma candidatura avulsa, não é do meu partido. Dentro desse contexto, estou fazendo contato direto com cada um dos deputados e pedindo vo- tos para eles. Pode ser que eu receba de alguns partidos ou não. Mas não está na minha estratégia. É de eleitor para eleitor”, contou, em entrevista por telefone à FOLHA.
Os pleitos na Câmara e no Senado ocorrem em 1º de fevereiro, quando os parlamentares eleitos em outubro também tomam posse. Para vencer em primeiro turno, é preciso obter 50% dos votos mais um . Se isso não ocorrer, é disputado um segundo escrutínio entre os dois mais votados, no mesmo dia, que então define os líderes de cada Casa.
“A maioria dos partidos está marcando reuniões para o dia 30 . O PT já marcou, o meu não marcou. Tem um movimento de formação de opinião e articulações políticas em andamento, formações de blocos. Só vai se resolver na última hora. Eu estou partindo do princípio de que a candidatura tem de existir e, a partir dela, haverá apoiamentos ou não”, prosseguiu Barros.
OPORTUNIDADE
O pepista afirmou ainda que viu uma “oportunidade na candidatura”. “O Brasil tomou um rumo de mudanças. Portanto, há um espírito de mudanças na sociedade e nos parlamentares. Eu sou uma opção de mudança e tenho trajetória, experiência, credibilidade dentro do Parlamento, que me permitem lançar candidatura e ter o respeito de todos. Vou trabalhar muito para isso. Já falei com praticamente 90% dos parlamentares e estou muito animado com o resultado”.
Além de Barros e de Maia, candidato à reeleição e favorito na disputa, estão no páreo Arthur Lira (PP-AL), Fábio Ramalho (MDB-MG), Alceu Moreira (MDB-RS), João Henrique Caldas (PSB-AL), Capitão Augusto (PR-SP) e Marcelo Freixo (PSOL-RJ). “O Maia é o candidato natural. Construiu grande base de apoio. Mas, a partir do momento que o PSL entrou, vários começaram a mudar de opinião. Nem sempre pelo fato de um partido tomar uma decisão os eleitores vão acompanhar. O voto é secreto. Só ganha quem concorre”, completou o ex-ministro.
GOVERNO BOLSONARO
Deputado federal pelo sexto mandato, Ricardo Barros foi relator-geral do orçamento da União e líder e vice-líder de todos os governos desde Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Questionado se estaria também na base do presidente Jair Bolsonaro (PSLRJ), destacou que o PP ainda não tomou posição, mas que ele próprio tem “como tradição ser cooperativo com a construção de soluções”.
“Estou sempre disposto a ajudar. Fui vice-líder e líder do governo FHC, do governo Lula, do governo Dilma e ministro do Temer. A minha experiência na Câmara dos Deputados é na formação da maioria, na aprovação das matérias. Estou à disposição para contribuir. Queremos um Brasil melhor. Sou candidato dos deputados; não dos partidos, nem dos blocos”.