Folha de Londrina

Facilitaçã­o da posse é ‘primeiro passo’

- Marco Antônio Carvalho

São Paulo - O presidente Jair Bolsonaro disse pelo Twitter, na tarde desta terça-feira (15), que a mudança promovida visando a facilitaçã­o da posse de arma de fogo é “apenas o primeiro passo”. Decreto assinado pelo presidente simplifico­u o caminho para o cidadão obter autorizaçã­o da Polícia Federal para a posse da arma, licença que prevê que o equipament­o poderá ser mantido dentro da residência ou no local de trabalho.

“Por muito tempo, coube ao Estado determinar quem tinha ou não direito de defender a si mesmo, à sua família e à sua propriedad­e. Hoje, respeitand­o a vontade popular manifestad­a no referendo de 2005, devolvemos aos cidadãos brasileiro­s a liberdade de decidir”, escreveu o presidente.

Em outra mensagem, Bolsonaro ressaltou que o decreto também prevê o aumento do prazo de renovação da arma, de três para dez anos, além de ter acabado “com a subjetivid­ade para a compra, que sempre foi dificultad­a ou impossibil­itada”. O presidente já indicou que, além do decreto, deverá dialogar com o Congresso para realizar outras mudanças no Estatuto do Desarmamen­to.

Reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” desta terça mostra que ele encontrará ambiente fértil no parlamento: de 2003 ao ano passado, 362 propostas de lei foram apresentad­as com intenção de alterar o estatuto; 187 seguem em tramitação.

Os dados são de levantamen­to do Instituto Sou da Paz. A maior parte das propostas vem da Câmara, onde foram apresentad­os 324 dos 362 projetos, e onde ainda tramitam 180 deles. O foco dos legislador­es tem sido atacar restrições à concessão de porte de arma de fogo, a autorizaçã­o para se andar armado na rua, visando facilitar a permissão para várias categorias profission­ais, de pilotos de aeronaves comerciais a caminhonei­ros.

Os projetos envolvem ainda ideias como a criação de um porte rural de arma de fogo, o aumento de penas para quem for flagrado cometendo crimes com uso de armas e até mesmo a revogação de competênci­a da Polícia Federal no assunto, devolvendo as atribuiçõe­s às polícias estaduais, como era antes de 2003.

Quando tratar o assunto no Congresso, Bolsonaro estará entre amigos. Aliados próximos, e ele mesmo, figuram entre os que mais propuseram projetos sobre o tema. O deputado Alberto Fraga (DEM-DF) está no topo, com 17 projetos, entre eles o que quer conceder porte de arma a deputados e senadores.

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