Folha de Londrina

Começa a corrida pelo material escolar

Valorizaçã­o dos itens escolares ficou abaixo da inflação acumulada em 2018, mas preços ainda podem subir com a procura; orientação é antecipar as compras

- Mie Francine Chiba Reportagem Local

Avolta às aulas acontece no mês de fevereiro, mas janeiro já é momento de começar a riscar os itens da lista de material escolar dos filhos. A orientação é antecipar as compras para não pegar filas e fazer pesquisa de preços com mais calma. Como sempre, os preços entre papelarias, marcas e tipos de materiais podem apresentar grande variação. Além disso, janeiro é a época em que alguma papelarias queimam o seu estoque para poder renová-lo em fevereiro, mês de maior movimento, disse um dono de estabeleci­mento.

A empregada doméstica Edna Alves Siqueira já espera gastar cerca de R$ 240 na lista de material escolar da filha, Mariana Siqueira Lima, que está indo para o sexto ano. No entanto, considera este um investimen­to no futuro da filha. “Não tem como fugir desse investimen­to.” Nessa época do ano, Siqueira já se prepara para acomodar o valor do material escolar na fatura do cartão de crédito. Para tentar economizar, o jeito é negociar com a filha, que já vinha em direção à mãe com um caderno com a capa do Corinthian­s nas mãos. “Nada de personagem.” Isso porque os produtos licen- ciados costumam ser mais caros, e alguns itens da lista, como o lápis de cor, segundo a mãe exigem mais investimen­to. “Lápis de cor tem que ser bom.”

Antes de sair de casa, a dona de casa Karen Jacinto já riscou da lista os itens que Giovana Jacinto Silva ainda tinha em casa dos outros anos. “Já trouxe a lista com as coisas que não precisa marcadas.” No carro, a caminho da papelaria, mãe e filha também já vieram conversada­s que os produtos de personagen­s deverão ser evitados. “Alguma coisinha pode passar”, disse a mãe.

Um mesmo caderno de uma mesma marca pode custar R$ 9,20 ou R$ 33. A diferença está na capa: um tem personagem e outro não. “Como a marca precisa pagar direitos autorais, o produto acaba sofrendo uma variação de preços de mais de 300% em função da estampa, que não traz nenhum benefício prático”, comenta o economista e colunista da FOLHA Marcos Rambalducc­i.

Segundo levantamen­to feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV Ibre (Fundação Getúlio Vargas), a inflação do material escolar em 2018 foi de 1,02%, abaixo da inflação de 4,32% acumulada no ano. Essa alta de preços não leva em conta a variação dos livros didáticos e não didáticos. Consideran­do que o salário mínimo aumentou 3,75%, aumentou o poder de compra dos pais sobre o material escolar, observa Rambalducc­i.

Apesar do resultado, os pais precisarão efetuar uma boa pesquisa para economizar nas compras, já que existe grande diferença de preço entre lojas, orientou a FGV Ibre. “Ao longo de janeiro, alguns desses itens podem sofrer variação em função da procura, que se intensific­a com o início do ano letivo. De todo modo, a variação ficou bem abaixo da inflação acumulada no período”, explicou André Braz, coordenado­r do IPC do FGV Ibre, por meio de nota.

Embora alguns itens, como o papel, tenham tido alta de até 10%, outros tiveram queda nos preços e, no fim, a lista de material escolar não teve muita variação esse ano, afirma Álvaro Loureiro Junior, dono da Dínamus Papelaria. “Teve itens que abaixaram de preço, como a borracha rígida que em alguns casos reduziram o preço em 5% em média.” Loureiro Junior estima inflação de 5%, em média, no material escolar esse ano.

“Um detalhe que vai derrubar os preços é que as empresas estão em uma situação delicada, queimando os estoques”, acrescenta o empresário. Segundo ele, no mês de janeiro, algumas papelarias estão liquidando os estoques antigos para abrir espaço para o estoque novo, uma boa oportunida­de para os pais comprarem produtos com preços mais baixos. “É hora de as pessoas aproveitar­em a queima nas papelarias.”

OTIMISMO

Kátia Aparecida Cardoso Lima Santos, proprietár­ia da Papelaria Moderna, conta que esse ano os pais estão mais tranquilos em relação aos gastos com material escolar. “Acredito que vai vender mais que no ano passado. A expectativ­a está boa.” Loureiro Junior, da Dínamus, também diz que a confiança do consumidor voltou esse ano. “Em dezembro já vendi com ticket médio maior que no ano anterior.” Em janeiro e fevereiro, ele estima cresciment­o de 12% a 13% nas vendas.

Acredito que vai vender mais que no ano passado. A expectativ­a está boa”

 ?? Anderson Coelho ?? Para economizar na lista estimada em cerca de R$ 240, Edna Siqueira negociou com a filha Mariana e vetou produtos licenciado­s: “nada de personagem”
Anderson Coelho Para economizar na lista estimada em cerca de R$ 240, Edna Siqueira negociou com a filha Mariana e vetou produtos licenciado­s: “nada de personagem”
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil