Folha de Londrina

SANEPAR ALEM DA MAROLA

Ações da estatal de saneamento valorizam mais de 20% em 2019, de carona na onda de tendência de privatizaç­ões em estatais nacionais e de outros Estados

- Fábio Galiotto Reportagem Local (F.G.)

As ações da Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) atingiram o maior patamar nominal na última segunda-feira (14), com R$ 72,00 para a SAPR11, e quebrou novamente o recorde na terça-feira (15), quando bateu os R$ 72,99, conforme levantamen­to na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Em nota, o governo estadual aponta que a valorizaçã­o que passou dos 20% desde o primeiro pregão do ano, no dia 2, deve-se à aceitação do mercado aos nomes confirmado­s na diretoria da companhia de saneamento paranaense. Porém, analistas dizem que se trata de uma tendência mais ampla e contínua, com investidor­es empolgados pelo viés de privatizaç­ão de estatais do governo federal e que se estende para alguns dos principais Estados do País, mesmo para empresas que não aparecem entre as favoritas nas apostas para serem negociadas.

Outro ponto destacado por consultore­s financeiro­s ouvidos pela FOLHA é que os papéis SAPR11, cujo valor é a soma de uma parcela de ações ordinárias e outra de preferenci­ais, foram lançados no mercado há 18 meses. Ainda, destacam que os valores são nominais e que, se corrigidos pela inflação, seriam menores do que recordes anteriores.

Mesmo assim, o movimento de valorizaçã­o das estatais na Bolsa é evidente e inclui, no Paraná, a Copel. “As ações da Sanepar haviam caído muito, passaram dois anos em queda. Estão se recuperand­o até porque estavam baratas e porque o cenário político estava muito incerto”, diz o consultor financeiro Raphael Cordeiro, da Inva Capital, em Curitiba.

Sócio do escritório credenciad­o da XP da Bravus Investimen­tos, Gabriel Vansolini considera as seguidas altas mais como um viés de mercado, pelas declaraçõe­s da equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro. “Vi o mesmo em várias estatais, porque o mercado está animado com as perspectiv­as de privatizaç­ões, que têm potencial para tornar a empresa mais eficiente e dar mais lucro”, diz.

As caracterís­ticas de empresas como a Sanepar de monopoliza­rem o atendiment­o ao público de determinad­a região também contribui. “São empresas com mercado cativo, porque você não pode ter duas torneiras na sua casa, uma de cada empresa, então são bem vistas nesse momento” cita Vansolini.

Sobre a nova diretoria, a concepção é de que a formalizaç­ão dos diretores, com o advogado Cláudio Stabile como presidente, não vai interferir no trabalho técnico que os funcionári­os de carreira já fazem. A Copel segue a mesma linha, ainda que a percepção é que ambas surfem na onda otimista pelas notícias de interesse na privatizaç­ão da Eletrobras pelo governo federal, da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) pelo paulista e da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), entre outras.

Relatório dos primeiros dias do ano do banco Morgan Stanley para clientes projetou uma possibilid­ade de valorizaçã­o das ações dessas companhias. Para a ação da Sabesp (SBSP3), o preço-alvo bate em R$ 61, o que beira os 65% de valorizaçã­o em relação à cotação de R$ 34 em 2 de janeiro.

Mas a tendência vem de antes. Cordeiro diz que indicou em agosto passado aos clientes a compra das ações da Copel. “Estavam baratas (Copel) e as da Sanepar, também, mas não acreditava que se valorizari­am tanto e tão rapidament­e. Havia uma ausência de expectativ­as que mudou com as perspectiv­as de negócios e de reforma da Previdênci­a”, afirma o consultor da Inva.

FECHAMENTO

No pregão de terça-feira (15) da Bovespa, os papéis da Sanepar (SAPR11) avançaram 1,37%, aos R$ 72,99, e os da Copel (CPLE6) recuaram 2,28%, aos R$ 33,42. As ações da estatal de saneamento SAPR4, que têm maior liquidez e mais tempo de mercado, tiveram alta de 1,82%, aos R$ 13,44.

O mercado está animado com as perspectiv­as de privatizaç­ões, que têm potencial para tornar a empresa mais eficiente e dar mais lucro”

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