Folha de Londrina

Reforma da Previdênci­a: o desafio para Bolsonaro

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Opresident­e Jair Bolsonaro deve aproveitar a sua popularida­de em alta para assumir o papel de “garoto-propaganda” da reforma da Previdênci­a e explicar à população a importânci­a da mudança e os pontos principais da PEC (Proposta de Emenda à Constituiç­ão) que altera o sistema previdenci­ário brasileiro.

A reforma da Previdênci­a é o primeiro grande desafio para o presidente, além de ser uma tremenda dor de cabeça. O gasto do governo previsto com aposentado­rias em 2019 passa de R$ 600 bilhões. É um projeto tão importante que Bolsonaro pretende entregar o texto pessoalmen­te, na quarta-feira (20), ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia. No mesmo dia, ele deve fazer um pronunciam­ento à nação, em cadeia nacional de rádio e TV ou pelas redes sociais - ferramenta­s que Bolsonaro domina bem e usa para conversar com os seus eleitores.

A PEC da Previdênci­a é um importante sinal para empresário­s brasileiro­s e investidor­es estrangeir­os de que o governo quer mesmo manter as suas contas equilibrad­as. A reforma não resolverá o problema dos gastos públicos de uma hora para outra, mas vai trazer confiança e mostrar que o executivo está fazendo o dever de casa - principalm­ente se emplacar também a reforma tributária.

Após dar entrada no Congresso, caberá a Maia decidir qual caminho o texto deve seguir e a rapidez do processo. A proposta de Bolsonaro poderá seguir em tramitação própria ou seguir em conjunto com a PEC que já tinha sido enviada pelo ex-presidente Michel Temer, em 2016.

A expectativ­a é que o texto mude realmente os requisitos previdenci­ários para os trabalhado­res do setor privado, para o funcionali­smo público e para a classe política. Informação que circulou nessa segunda-feira (18) dava conta de que a PEC coloca os novos políticos sob as mesmas regras da aposentado­ria da iniciativa privada. A ideia do governo é que os políticos sejam submetidos ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), cujo teto é R$ 5,8 mil atualmente.

As regras para aposentado­ria devem ficar mais rígidas no Brasil, pois o presidente irá propor ao Congresso idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para as mulheres, após um período de transição. Hoje os parlamenta­res têm um plano próprio de previdênci­a que torna possível receber o valor total do salário de um congressis­ta, R$ 33 mil. Incluindo políticos e funcionali­smo público no mesmo modelo de aposentado­ria do setor privado, o presidente mostra que está preocupado realmente em combater privilégio­s.

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