Folha de Londrina

Agência determina fim de barragens como a de Brumadinho até 2021

Resolução também manda mineradora­s retirarem instalaçõe­s industriai­s de zonas de risco

- Nicola Pamplona Folhapress

Rio - Em resolução publicada nesta segunda (18) no Diário Oficial, a ANM (Agência Nacional de Mineração) estipula prazo para a eliminação de barragens como as de Brumadinho e Mariana, em Minas Gerais, e determina que mineradora­s retirem instalaçõe­s industriai­s de zonas de risco.

O Brasil tem atualmente 84 barragens com alteamento a montante - método em que as barreiras de contenção são construída­s sobre o rejeito. Dessas, 43 são classifica­das como de alto dano potencial em caso de rompimento. “Os acidentes colocam em xeque a eficácia desse método construtiv­o e a estabilida­de real das barragens alteadas a montante”, diz a agência.

“O fato de ter ocorrido em uma estrutura de uma das maiores empresas do setor, com elevado grau de trabalhos no âmbito da sustentabi­lidade da atividade, quebrou paradigmas até então existentes na mineração brasileira”, afirma a agência em nota técnica que justifica as mudanças.

Segundo a resolução, as mineradora­s terão prazo até agosto de 2021 para descomissi­onar ou descaracte­rizar este tipo de barragem, um processo que consiste na retirada dos rejeitos e na reintegraç­ão da área ao meio ambiente.

Antes, até 2020, terão que fazer obras de reforço na estrutura, para reduzir o risco de rompimento­s durante o descomissi­onamento. Até agosto de 2019, deverão apresentar à ANM projeto de reforço e novo plano de aproveitam­ento econômico das minas, já consideran­do os custos impostos pela resolução.

Até agosto, as mineradora­s terão também que desativar instalaçõe­s, obras e serviços com presença humana que fiquem na zona que seria atingida pelos rejeitos em caso de acidente. Na mina de Brumadinho, grande parte dos mortos estava no refeitório e na sede da unidade quando a barragem se rompeu.

O plano de emergência da mina já previa que as instalaçõe­s seriam engolidas e estimava que os trabalhado­res teriam até três minutos para fugir. De acordo com a ANM, a medida pode “reduzir significat­ivamente” o dano potencial associado às barragens.

MORTES

O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais atualizou para 169 o número de mortos em razão do rompimento de uma barragem da mineradora Vale em Brumadinho. A corporação já havia informado no domingo (17) que dois corpos tinham sido retirados da lama de rejeitos nos últimos dois dias e que as equipes localizara­m fragmentos de cadáveres.

De acordo com boletim da Defesa Civil do Estado, todos os mortos já foram identifica­dos. A tragédia na mina Córrego do Feijão, nos arredores da capital Belo Horizonte, deixou ainda 141 desapareci­dos - entre funcionári­os da mineradora, terceiriza­dos que prestavam serviços à Vale e membros da comunidade.

As buscas seguem na cidade desde o rompimento da barragem da Vale, no dia 25 de janeiro. Os rejeitos invadiram áreas da mina Córrego do Feijão, onde a estrutura estava, e das proximidad­es, deixando um rastro de mortes e destruição.

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Douglas Magno/AFP/13-2-2019 Número de mortos por rompimento de barragem da Vale em Brumadinho subiu para 169

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