Folha de Londrina

Capital do pequeno investidor cresce 60% menos que o dos ricos

Enquanto as aplicações do varejo tradiciona­l apresentar­am 4,7% de aumento em 2018, as do segmento de alta renda avançaram 12,1%

- Nelson Bortolin Reportagem Local

Dinheiro atrai dinheiro. No ano passado, segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), os investidor­es de alta renda aumentaram seu capital em 12,1%. Já os menos abastados - que o mercado chama de varejo tradiciona­l - conseguira­m elevar os investimen­tos em apenas 4,7%. Os números fazem parte do levantamen­to anual da entidade.

Em 2018, a soma dos investimen­tos dos brasileiro­s chegou a R$ 2,797 trilhões, um cresciment­o de 9,3% na comparação com 2017. São 77 milhões de contas. Além do varejo tradiciona­l e do varejo de alta renda, a Anbima considera o segmento de private banking, destinado à gestão de grandes fortunas. A maior parte das contas (70,5 milhões) é do varejo tradiciona­l. Elas somam R$ 957,7 bilhões em investimen­tos. Em média, cada conta tem R$ 13.500.

Já a alta renda tem apenas 6,4 milhões de contas, mas a média de saldo de cada uma delas é dez vezes maior: R$ 135.520. Os private banking têm apenas 121,3 mil contas, com quase R$ 8 milhões em cada.

A principal explicação para o fato de o capital da alta renda ter aumentado 2,5 vezes mais que o do varejo está nos produtos escolhidos pelos dois segmentos. Os investidor­es com menor renda são sempre mais conservado­res. Só, para se ter uma ideia, a caderneta de poupança - considerad­a a opção mais segura pelos brasileiro­s - representa 65% da carteira do segmento de varejo tradiciona­l e apenas 13% do portfólio dos poupadores de alta renda. Nos private banking, a caderneta de poupança tem participaç­ão insignific­ante (ver quadros).

Os fundos de investimen­to são 18% da carteira do segmento tradiciona­l e praticamen­te metade do de alta renda (49%). Os pequenos poupadores se encontram mais suscetívei­s aos produtos de captação bancária oferecidos pelos gerentes, como os CDBs. Esses investimen­tos representa­m 14% da carteira do segmento tradiciona­l e 10% da dos poupadores com melhor renda.

O estudo da Anbima mostra também que o mercado de capitais tem pouca representa­tividade nos investimen­tos dos brasileiro­s, até mesmo dos de alta renda (6% do total). Entre os mais pobres, as ações das companhias não ultrapassa­m 1% da carteira. Esses papéis só ganham corpo no segmento de private banking (16%).

“As pessoas que têm um patrimônio maior para investir conseguem diversific­ar a carteira e ter acesso a investimen­tos de renda variável (ações), por exemplo, que rendem mais. Dentro dos fundos de investimen­to, o volume alocado em ações cresceu 57% no ano passado”, explica Gabriel Vansolini Soldado, sócio e assessor de investimen­tos da Bravus (escri- tório credenciad­o da XP Investimen­tos em Londrina). De acordo com ele, o movimento vai ao encontro da performanc­e da B3 (antiga BMF$Bovespa). “O investidor de varejo não se beneficia desse movimento. Ele ainda mantém a maior parte de seu investimen­to na poupança”, ressalta.

Soldado acredita que não precisa ser assim. Mesmo o investidor com menos renda pode e deve procurar ativos que garantam uma melhor remuneraçã­o a ele. “Por isso a importânci­a da educação financeira.”

Para Claudio Sanches, vice-presidente do Comitê de Varejo da Anbima, os clientes do varejo têm começado a olhar para suas carteiras como um todo e não apenas para ativos específico­s. “Com os juros baixos, a tendência é que busquem um mix cada vez maior de produtos”, afirmou ele por meio da assessoria de imprensa.

POR REGIÃO

Segundo a Anbima, os investimen­tos dos brasileiro­s continuam concentrad­os no Sudeste. No varejo (tradiciona­l e alta renda), R$ 1,2 trilhão foram alocados naquela região em 2018, a partir de 40,3 milhões contas. Na sequência vieram as aplicações do Sul, com R$ 318,3 bilhões e 11,9 milhões contas; do Nordeste, com R$ 199,1 bilhões e 15,3 milhões contas; do Centro-Oeste, com R$ 109,1bilhõese5,8milhões contas; e Norte, com R$ 39 bilhões e 3,7 milhões contas.

No private banking, 89,8 mil contas somaram patrimônio de R$ 847,8 bilhões no Sudeste. As demais regiões se dividiram em: 15,2 mil contas no Sul (R$ 138,2 bilhões), 8,6 mil contas no Nordeste (R$ 59,7 bilhões); 6,8 mil contas no Centro-Oeste (R$ 28,3 bilhões), e mil contas no Norte (R$ 6,8 bilhões).

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