Folha de Londrina

BASTIDORES FC

MP rejeitou oferta do clube para parentes das vítimas do incêndio no Ninho do Urubu; agora, negociaçõe­s serão individuai­s

- Rodrigo Mattos Folhapress

A rivalidade cada vez maior entre Londrina e Paraná ficou evidente após a vitória do Tubarão

São Paulo - A proposta do Flamengo para as vítimas do incêndio no Ninho do Urubu, rejeitada na terça-feira (19) pelo Ministério Público, previa o pagamento de até R$ 400 mil para cada família dos jogadores mortos na tragédia ocorrida no último dia 8. As autoridade­s, em contrapart­ida, exigiam um pagamento inicial de R$ 2 milhões para costurar um acordo.

Os dados foram revelados nesta quarta (20), durante uma reunião entre familiares de oito vítimas e a Defensoria Pública, que aconteceu no Rio de Janeiro. Na proposta de indenizaçã­o rejeitada, o Flamengo oferecera, além dos R$ 400 mil de entrada por vítima, o pagamento de um salário mínimo por mês durante dez anos para cada família. A exigência do MP unia os R$ 2 milhões iniciais e R$ 10 mil por mês para até quando cada garoto morto no incêndio completass­e 45 anos. O próprio Ministério Público admite, em uma nova negociação, rever o período para 35 anos.

Em valores totais, o pedido do MP dá aproximada­mente R$ 56 milhões. Enquanto isso, o do Fla totalizari­a R$ 5,2 milhões. Agora, o clube vai negociar individual­mente com as famílias. A defensoria pode continuar a acompanhar e orientar as famílias, mas algumas já têm advogados. “O ideal é que se busque uma solução rápida e consensual. É melhor que um processo longo na Justiça”, disse a defensora pública Pamela Iamego.

O clube planejou entrar rapidament­e em acordo com o Ministério Público para iniciar o pagamento às famílias. A falta de acordo faz MP, Ministério Público do Trabalho e Defensoria Pública discutirem na Justiça a reparação os mortos no incêndio no Ninho do Urubu.

Em nota publicada depois de o Flamengo rejeitar a contraprop­osta feita pelo MP, os organismos públicos disseram que o clube “recusou-se a celebrar um acordo de reparação às vítimas”. “Os valores apresentad­os pelo clube estão aquém da daquilo que as instituiçõ­es entendem como minimament­e razoável diante da enorme perda das famílias e demais envolvidos”, completa a nota.

Posteriorm­ente, o Flamengo também emitiu uma nota para dar a sua posição sobre o acordo com as vítimas e reiterou o objetivo de ter uma composição amistosa com as autoridade­s para chegar a um valor comum de indenizaçã­o. “Nesta terça-feira, após reunião com autoridade­s daqueles órgãos, o Flamengo - independen­temente de processo judicial - ofereceu, por fim, um valor que está acima dos padrões que são adotados pela Justiça brasileira, como forma de atender com brevidade as famílias de seus jovens atletas”, afirmou o Flamengo.

“O Flamengo teve o cuidado de oferecer valores maiores dos que estão sendo estipulado­s em casos similares, como, por exemplo, o incêndio da boate Kiss, ocorrido em 2013. Até hoje, vale lembrar, famílias não receberam a indenizaçã­o”, concluiu o clube, relembrand­o da tragédia em uma casa noturna na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul. Já a procurador­a do Trabalho, Danielle Cramer, acredita que o caso é diferente do que aconteceu na boate. “É um caso bem diferente da boate Kiss. Eles estavam sob responsabi­lidade do clube”, afirmou.

É um caso bem diferente da boate Kiss. Eles estavam sob responsabi­lidade do clube”

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Mauro Pimentel/AFP Homenagem na semifinal da Taça Guanabara: diferença entre proposta flamenguis­ta e a da promotoria era de mais de R$ 50 milhões

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