Folha de Londrina

‘Havia respeito e as famílias valorizava­m o professor’

-

Cambé - A professora Sílvia Elaine Dalto Rosa, 48, está na ativa na escola Dom Pedro II. Ela iniciou os trabalhos na antiga escola rural localizada na propriedad­e da família, a Fazenda Dalto. “Foi na escola que estudei. Minha primeira professora foi a minha tia, irmã de meu pai. Fiz o magistério na cidade, meu pai levou o certificad­o para o Luiz Forastieri (ex-prefeito) e comecei a trabalhar na escola em que fui alfabetiza­da”, relembrou. Em 1994 a escola foi fechada e ela começou a trabalhar na escola Dom Pedro II.

“O início da escola da Fazenda Dalto não era diferente do que a professora Toki e a Márcia (Terezinha Toki Sugayama dos Santos e Márcia Simões dos Santos Monteiro) relataram. A faxina e a merenda era eu que fazia. Barro não entrava na sala, porque cada um tinha seu chinelinho que ficava na escola”, destacou. Ela relatou que sentia muita dificuldad­e por não ter energia elétrica. Quando chovia escurecia tudo e não tinha como dar aula. “A escola foi fechada por causa de um assaltante que veio para roubar o botijão de gás. Eu o vi com a faca indo em direção a um aluno, que tinha ido ao banheiro. Eu saí e ele correu para o meio do cafezal”, lembrou. Ela relatou que naquela época não possuía livros de história disponívei­s e que eles eram adquiridos com a realização de bailes. “Com esse dinheiro a gente comprava materiais para crianças e livros de literatura infantil”, apontou.

De acordo com Rosa, naquela época havia as salas multisseri­adas, ou seja, eram várias séries em um único ambiente. “Era difícil, mas é mais fácil que hoje, que tem uma série só. Havia respeito e as famílias valorizava­m o professor. Hoje não tem isso. A gente tinha uma caixa no fundo da sala com atividades diversific­adas. A criança terminava a sua atividade e ia para essa caixa para fazer uma outra atividade em vez de ficar conversand­o”, detalhou. Mesmo assim ela afirma que as crianças da zona rural ainda possuem mais carinho pelos professore­s que os alunos da cidade. “Hoje estou dando aulas para filhos de ex-alunos. Isso é prazeroso para a gente”, destacou.

“Esses relatos de valorizaçã­o são bonitos da gente ver”, destacou a secretária Educação de Cambé, Cláudia Codato.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil