Consumidores buscam Procon por ação coletiva contra startup
Os consumidores que se sentiram lesados por atrasos no pagamento por parte de uma startup de venda de veículos fundada em Londrina, a Cash Auto, fizeram na quarta-feira (27) ao menos nove reclamações oficiais ao Procon (Núcleo Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor), para formalizar uma ação coletiva em busca de solução para o problema. O órgão já havia notificado a empresa na semana passada após três denúncias do mesmo tipo, mas não recebeu resposta até esta quarta-feira.
Por meio de nota, a Cash Auto informou que está em processo de recebimento de aporte financeiro para honrar os compromissos, que envolve uma questão burocrática. “Nada mudou da posição anterior, e todos os clientes estão sendo procurados e receberão o débito até meados de março”, cita o texto (leia mais abaixo). O motivo da demora apontado anteriormente pela empresa foi um problema de gestão financeira que interrompeu o fluxo de caixa em dezembro de 2018, que já foi resolvido.
A proposta da Cash Auto é intermediar o negócio entre proprietários de automóveis e 800 compradores de lojas credenciadas em até 50 minutos, por uma plataforma on-line. Se a proposta for aceita, o vendedor deveria receber o valor no dia. No entanto, há casos de espera pela dinheiro desde novembro.
O advogado Thiago Sitta, do escritório Federiche Mincache, afirma que levou a reclamação de seis clientes ao Procon. “Levamos o caso ao Ministério Público, ao Procon e também pedimos inquérito policial, além de tomarmos medidas judiciais para buscar o ressarcimento de valores, além de ações por danos morais em alguns casos”, diz.
Sitta afirma que mais cinco ações serão ajuizadas até o fim de semana e que levantou 24 casos em andamento contra a empresa. “Temos um caso de novembro em que não pagaram e, depois de uma semana, deram um cheque que já voltou duas vezes por estar sem fundos. Em janeiro fizeram novo acordo e não pagaram, então entendemos que não vão pagar e querem colocar panos quentes nas investigações.”
O coordenador do Procon, Gustavo Richa, solicita que outras pessoas que se sintam lesadas procurem o órgão. Ele diz que deve abrir um auto de infração em relação a Cash Auto, que está sujeita a multa ou até ao pedido para fechamento da empresa. “Independentemente de ser um problema financeiro da empresa ou de estelionato, nosso objetivo é proteger o consumidor e resolver a questão.”
O promotor da justiça de Defesa dos Direitos do Consumidor, Miguel Jorge Sogayar, acompanha o caso e pediu inquérito policial sobre o tema. “Encaminhei também para a empresa a recomendação administrativa para que retire ou pare com todas as propagandas em outdoors, TV, rádio ou panfletos, que podem ser consideradas enganosas ou abusivas”, diz. Ele explica que novos consumidores podem ser induzidos ao erro e que aguarda os esclarecimentos por parte da empresa.
OUTRO LADO
Em nota, a Cash Auto informou que “reafirma o seu compromisso de pagar todos os seus débitos junto aos clientes”. “Estamos firmes no propósito de sanar todas as pendências. Para isso temos conversado diariamente com os clientes, assumindo o compromisso documentado. Em nenhum momento nos furtamos de atender caso a caso”, informa o texto. “Estamos confiantes e empenhados em superar este momento com toda a transparência e verdade com nossos clientes”, complementa.