PIB encerra 2018 com alta de 1,1%
Renda per capita já atualizada pela inflação avançou 0,3%, para R$ 32.747
Aeconomia brasileira cresceu 1,1% em 2018 em relação ao ano anterior, conforme informou nesta quinta-feira (28) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A taxa é a mesma que foi registrada em 2017. Em valores correntes, o PIB alcançou no período R$ 6,8 trilhões. Já a renda per capita avançou 0,3% (já descontada a inflação), para R$ 32.747.
O ritmo de atividade se manteve similar a 2017, desapontando economistas que iniciaram 2018 com expectativa de crescimento perto de 3% para o ano. Ao longo do ano passado, as previsões foram continuamente revistas para baixo com a paralisação dos caminhoneiros, ocorrida em maio, com um mercado de trabalho cuja débil recuperação se deu à base de vagas informais e com as incertezas ligadas às eleições presidenciais.
Com isso, a economia brasileira está no mesmo patamar do primeiro semestre de 2012, ou seja, ainda não se recuperou da crise e deixa uma herança bastante fraca para 2019. A economia ainda está 5,1% abaixo do pico alcançado no primeiro trimestre de 2014.
Segundo Rebeca Palis, coordenadora de contas nacionais do IBGE, o crescimento da atividade no último trimestre do ano, que foi de 0,1% sobre o período imediatamente anterior, é baixo. O índice ficou praticamente no mesmo patamar do terceiro trimestre do ano passado.
O IBGE ainda revisou para baixo dados anteriores. O desempenho do terceiro trimestre, inicialmente calculado em alta de 0,8%, foi revisto para baixo, com expansão de 0,5%. O segundo trimestre também enfraqueceu, passando de expansão de 0,2% para estagnação. Por outro lado, o desempenho do primeiro trimestre foi revisto para cima, passando de alta de 0,2% para 0,4%.
FUTURO
O resultado geral do ano veio em linha ao esperado pela maior parte dos analistas do mercado financeiro. Especialistas não esperam um quadro muito diferente para 2019. Passada a euforia de empresários e do mercado financeiro com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL), já há quem espere crescimento abaixo de 2%, com a retomada mais forte, uma vez mais, sendo empurrada para o próximo ano.
Até meados de 2018, economistas também previam alta perto de 3% para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2019. Segundo o analista da RC Consultores Everton Carneiro, apesar de os indicadores de confiança do empresariado estarem em alta, no mundo real ainda paira certa incerteza quanto ao governo de Bolsonaro.
A dúvida quanto à real capacidade de articulação e realização do governo seria o motivo para que os empresários ainda estejam optando por esperar para retomar os investimentos no país. A proposta da reforma da Previdência agradou e a expectativa do mercado é que ela seja aprovada, devido a uma articulação junto ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Mesmo assim, empresários estariam esperando para ver como irá se dar a negociação no Congresso antes de decidir retomarem os investimentos. “Como o governo começou muito instável, o mercado está aguardando as coisas se alinharem”, diz.
AGROPECUÁRIA
O Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária subiu 0,1% em 2018 ante 2017. No quarto trimestre de 2018, o PIB da agropecuária subiu 0,2% sobre o terceiro trimestre. Na comparação com o quarto trimestre de 2017, o PIB da agropecuária mostrou alta de 2,4%.
O PIB de serviços subiu 1,3% em 2018 ante 2017, de acordo com o IBGE. No quarto trimestre de 2018, o PIB de serviços subiu 0,2% contra o terceiro trimestre do ano. Na comparação com o quarto trimestre de 2017, o PIB de serviços mostrou alta de 1,1%.
Já o PIB da indústria subiu 0,6% em 2018 ante 2017. No quarto trimestre de 2018, o PIB da indústria caiu 0,3% ante o terceiro trimestre do ano. Na comparação com o quarto trimestre de 2017, o PIB da indústria mostrou queda de 0,5%.
INDÚSTRIAS EXTRATIVAS
O aumento da produção de minério de ferro pela Vale em 2018 compensou a queda da extração de petróleo e gás no ano e garantiu a alta de 1% na produção do segmento de indústrias extrativas em relação ao ano anterior. Os dados do PIB divulgados pelo IBGE mostram que a produção avançou significativamente no último trimestre do ano, quando o setor extrativo avançou 1,9% em relação ao período entre julho e setembro. Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, a alta foi de 3,8%.
Apesar do aumento da produção, a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE disse que o desempenho da indústria extrativa foi um dos fatores que ajudou a compensar a redução no ritmo de crescimento do agronegócio em 2018 para o resultado do setor externo.
Os dois segmentos são fortemente orientados às exportações, mas o agro não repetiu a safra recorde do ano anterior. A exportação avançou apenas 4,1% no ano apesar da alta do dólar, mas também mostrava aumento no ritmo no último trimestre de 2018, quando avançou 12% em realização aos três meses do ano anterior.