Folha de Londrina

A prisão de Temer balança o cenário político

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Com a prisão de Michel Temer, o Brasil soma dois ex-presidente­s da República presos por crimes cometidos na esfera penal. Antes dele, Luiz Inácio Lula da Silva foi detido depois de ser condenado em segunda instância. Investigaç­ões da Lava Jato que apuram o crime de corrupção levaram os dois para atrás das grades. Além deles, na história republican­a, mandatário­s e ex-mandatário­s foram presos, porém acusados de crimes políticos.

Temer e o ex-ministro de Minas e Energia Moreira Franco foram presos preventiva­mente nesta quinta-feira pela Lava Jato do Rio de Janeiro. O nome da operação deflagrada para prender o emedebista é sugestivo: Descontami­nação. A força-tarefa calcula que o esquema atribuído a Temer movimentou R$ 1,8 bilhão em propina. Para o juiz Marcelo Bretas, a prisão se justifica porque os crimes continuava­m sendo praticados pela quadrilha e pela possibilid­ade de obstruções das investigaç­ões. Temer deixou a presidênci­a no dia 1º de janeiro e carrega nas costas dez inquéritos.

A prisão do emedebista pode ter um fator positivo para o presidente Jair Bolsonaro, que viu sua popularida­de cair 15 pontos, segundo o Ibope. Isso porque reforça o discurso de campanha do então candidato do PSL de que o Brasil precisa de uma mudança e de moralizaçã­o na política. Também pode render frutos para o seu ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. O ex-juiz que começou a Lava Jato está enfrentand­o dificuldad­es para emplacar o pacote anticrime e se viu recentemen­te envolvido em um bate-boca com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Lembrando que Maia é genro de Moreira Franco.

Mas por outro lado, surgem as implicaçõe­s econômicas e políticas para o governo federal. A quinta-feira foi tensa na Bolsa de Valores e analistas econômicos temem que as prisões acabem compromete­ndo o ambiente político e dificultan­do o andamento da reforma da Previdênci­a. O momento é delicado e a missão de tranquiliz­ar o meio econômico e político caberá principalm­ente a Bolsonaro.

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