Isenção de visto anima mercado do turismo
Setor acredita que isenção de visto para Estados Unidos, Japão, Canadá e Austrália representará incremento em torno de 25% no fluxo de turistas
As entidades do setor turístico consideram positiva a decisão do Brasil de isentar os turistas dos Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália da necessidade de visto para entrada no Brasil. Os quatro países são considerados estratégicos para o turismo brasileiro. O setor acredita que a medida representará incremento em torno de 25% no fluxo de turistas, estimativa baseada em dados da OMT (Organização Mundial do Turismo).
A presidente da Embratur, Teté Bezerra, afirmou que a facilitação desburocratiza processos e acompanha uma tendência de mercado que atesta que, cada vez mais, os turistas internacionais têm procurado destinos mais acessíveis.
Usando como base o estudo da OMT e o histórico dos gastos dos turistas dos países beneficiados, a presidente em exercício da Abav Nacional (Associação Brasileira de Agências de Viagens), Magda Nassar, afirmou que a projeção com essa medida é de uma receita de até R$ 1,4 bilhão em dois anos.
O governo não informou o valor arrecadado com a emissão das permissões, mas considerando o volume emitido em 2018 e o custo de cada visto - US$ 40, pode-se calcular uma redução na arrecadação de taxas de R$ 30,7 milhões anuais – considerando o câmbio desta quinta-feira (21).
Desde a implementação do visto eletrônico para os quatro países, em dezembro de 2017, os pedidos aumentaram 41% em um ano, conforme o governo. Em 2018, foram emitidos 199.398 vis- tos eletrônicos.
Os Estados Unidos são o segundo mercado, ficando atrás apenas dos vizinhos argentinos. “Segundo o Ministério do Turismo, somente no ano passado, a procura aumentou 35,2%, considerando emissões de vistos eletrônicos e tradicionais. Esse resultado representou um impacto de US$ 1 bilhão na geração de receita para a economia”, afirmou Nassar.
O presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci, aposta nos resultados positivos da medida. “A liberação dos vistos fomentará não só a vinda de mais pessoas ao Brasil, mas também o investimento por parte de toda cadeia do turismo”, sustentou Solmucci.
Ele também disse que a ação vai na linha da desburocratização de processos, ideia defendida há anos pela Abrasel. “Precisamos tirar as barreiras que nos mantêm com números muito aquém das expectativas e atrás de outros países com menor potencial turístico que o Brasil”.
A balança comercial do País no turismo hoje é deficitária, segundo informações do Ministério do Turismo. A pasta diz que brasileiros gastam anualmente US$ 18 bilhões no exterior (R$ 67 bilhões), enquanto estrangeiros desembolsam cerca de US$ 6 bilhões (R$ 22 bilhões) no País. O gasto médio per capita dia dos turistas dos quatro países beneficiados pela isenção fica entre US$ 44,04 (Canadá) e US$ 65,38 (Austrália).
CONTRAPARTIDA
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que vai tomar as medidas necessárias para incluir o Brasil no programa Global Entry, iniciativa do governo americano que permite que viajantes frequentes de determinados países possam entrar nos EUA sem passar pelas filas de imigração.
O programa, no entanto, não dispensa a exigência de visto e ainda impõe uma série de condições para que o viajante obtenha o benefício. Para ter acesso ao Global Entry, o viajante precisa, por exemplo, passar por entrevista e comprovar que não tem antecedentes criminais.
Não é a primeira vez que o governo americano faz acordo com o Brasil para incluir o País no Global Entry. Em junho de 2015, durante visita da então presidente Dilma Rousseff a Barack Obama, os dois anunciaram a mesma parceria, mas o projeto não saiu do papel.