OMC diz não entender que Brasil abriu mão de status
O diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, disse nesta quinta-feira (21) que não entendeu, pelo comunicado oficial da visita do Brasil ao governo americano, que o País tenha aberto mão do status de país emergente e, portanto, deixado de receber o tratamento especial conferido pela OMC a esse grupo.
Segundo ele, o que o Brasil aceitou foi “abrir mão de usar alguns espaços daqui para frente”. Destacou, no entanto, que os detalhes do acordo têm que ser respondidos pelo governo brasileiro. Azevêdo defendeu uma aproximação do Brasil com a OCDE e destacou que a organização é importante não só por dar um selo de qualidade ao grupo que a integra, mas por ter o papel de definir a agenda mundial do comércio.
O diretor-geral da OMC disse também que o Brasil deve buscar outras oportunidades de comércio “de forma pragmática”, em acordos com outros países, “onde quer que elas se apresentem”. Ponderou, no entanto, que, sem a mediação da organização, haveria uma “lei da selva” no comércio mundial e todos perderiam, “mesmo os que pensam estar no topo da cadeia alimentar”.
Azevêdo minimizou também as críticas do presidente Donald Trump à instituição. Ele afirmou que o chefe de Estado americano se utiliza de uma retórica forte para defender, na realidade, uma atualização nas regras da OMC, que reflete ainda um quadro global do comércio da década de 1990.
O diretor-geral disse ainda, que os Estados Unidos elogiam internamente o papel da OMC. E explicou que os americanos argumentam que não querem negociar com países que se transformaram em economias mais fortes nos últimos anos e mesmo assim têm tratamento diferenciado pela OMC.