Folha de Londrina

PSL adia indicação de relator da reforma da Previdênci­a na CCJ

Partido do presidente Jair Bolsonaro diz que só indicará nome após esclarecim­entos sobre reforma dos militares

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Brasília - A liderança do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, afirmou que o anúncio do relator da proposta de reforma Previdênci­a na Comissão de Constituiç­ão, Cidadania e Justiça (CCJ) foi adiado. “Depois de uma reunião com líderes partidário­s, ficou acordado que não haverá a indicação do relator até que o governo, através do Ministério da Economia, apresente um esclarecim­ento sobre a reforma e a reestrutur­ação dos militares”, diz a nota. O presidente da CCJ, Felipe Francischi­ni (PSL-PR), havia dito que poderia indicar o relator nesta quinta-feira (21).

O líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), creditou o adiamento da indicação de um relator para a reforma à análise de que o projeto da reestrutur­ação da carreira dos militares deu tratamento diferencia­do à categoria.

“Ao ver o texto dos militares e as diferenças contidas ali, pedi o adiamento do relator na CCJ. O governo nos mandou um abacaxi e não temos como descascá-lo com os dentes. É preciso nos dar a faca”, disse.

Waldir também reclamou que nenhum representa­nte do governo procurou os líderes partidário­s para discutir a proposta antes de entregá-la oficialmen­te ao Congresso. “Só teremos um nome para a relatoria na CCJ quando o governo explicar a reforma da Previdênci­a. E não sou eu que tenho que procurar o governo, eles é que precisam nos procurar”, disse. O deputado afirmou ainda que seu gabinete está aberto a qualquer hora para discutir o texto com os emissários do governo.

Como um recado ao Palácio do Planalto, o líder do partido do presidente Jair Bolsonaro frisou também que o Congresso é independen­te em relação ao governo e, por isso, pode tomar as suas próprias decisões. Ele pediu para que o governo altere o texto dos militares ou deixe a Câmara alterá-lo, desde que assuma ter privilegia­do uma categoria.

GUEDES

Segundo Waldir, o convite para que o ministro da Economia Paulo Guedes explique a reforma da Previdên- e o projeto de lei sobre a aposentado­ria e a reestrutur­ação da carreira dos militares na CCJ pode não ser suficiente para apaziguar os ânimos dos parlamenta­res, que ficaram irritados com o fato de o governo ter dado tratamento diferencia­do para a categoria.

Para ele, Guedes e a equipe econômica precisavam ter um diálogo mais próximo principalm­ente com os líderes partidário­s que irão orientar suas bancadas em relação ao apoio para as reformas. “Não sei se a vinda de Guedes na CCJ será suficiente. Ele precisa conversar com os líderes também”, disse. O PSL é a maior bancada da Casa, juntamente com o PT. Cada um tem 54 deputados.

Na semana passada, o líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), apresentou um requerimen­to de convocação do ministro mas os governista­s atuaram para amenizar a situação transforma­ndo-o em um convite. Guedes irá na próxima terça-feira (26), à comissão.

O presidente da CCJ, Felipe Francischi­ni, afirmou que o início da discussão da proposta na Casa depende do governo se organizar para montar uma estratégia de atuação na Câmara. “Tenho ouvido de todos os membros e líderes que eles querem decantar os últimos acontecime­ntos políticos, a vinda da reforma dos militares. Isso gerou expectativ­as a mais e, agora, eles querem analisar o texto”, afirmou.

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