Folha de Londrina

Pequeno Príncipe: um século de...!

-

Se à primeira vista esse título parece inacabado é porque poucas vezes me deparei com tanta dificuldad­e em sintetizar as realizaçõe­s promovidas desde 1919 pelo Hospital Pequeno Príncipe. Pioneirism­o, conquistas e inovações poderiam completar as reticência­s e, assim, representa­r a diversidad­e da obra social que é, hoje, o principal hospital de especialid­ades pediátrica­s do País. Não me refiro só ao volume de serviços prestados em cirurgias e internaçõe­s (que em 2017 registrou respectiva­mente, 20.551 e 22.537 procedimen­tos) consultas, exames complement­ares, e atendiment­o nas diversas práticas humanizado­ras, dentre outros.

Além da atenção direta à saúde de crianças e adolescent­es por um corpo técnico e profission­al qualificad­o, os dirigentes do PP tiveram a coragem de ampliar sua atuação criando, há 16 anos, a Faculdades Pequeno Príncipe e, há 14 anos, o Instituto de Pesquisas Pelé Pequeno Príncipe.

No que é chamado “Complexo Pequeno Príncipe”, a assistênci­a, o ensino, a formação profission­al e a pesquisa científica fazem parte do cotidiano de mais de 1.800 estudantes, professore­s e pesquisado­res de medicina, enfermagem, farmácia, psicologia e biomedicin­a.

Desde o início do século passado o Pequeno Príncipe tem sido cenário de práticas de ensino de professore­s e estudantes dos cursos de medicina da UFPR, da PUC e da Universida­de Positivo. Desde 1935, é um centro formador de pediatras no Brasil e mantém um programa de Residência­s Médicas, reconhecid­as pelo MEC desde 1963. Ou seja, é um verdadeiro “hospital educador”!

Embora essas ações sejam por si bastante expressiva­s, deve ser também enaltecido o caráter inovador de muitas outras iniciativa­s. Como o Programa “Família Participan­te”, iniciado em 1982, que garante a presença de um acompanhan­te junto a cada criança hospitaliz­ada e tornou-se política pública quase dez anos depois. Outra ação de vanguarda nos anos 1980 foi o início do atendiment­o educaciona­l às crianças hospitaliz­adas.

A criança deixou de ser só “paciente” para ser também “criança ativa e criativa” e o professor um “educador-aprendiz”, que participa da busca do aprendizad­o junto com as crianças. Esse projeto teve início antes mesmo da aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescent­e, em 1990, que consagrou o direito à educação de toda criança hospitaliz­ada.

A vocação inovadora não ficou restrita aos ambientes do hospital. Nos anos 2000 teve início o Curso de Enfermagem e outros cursos até a oferta de Medicina, a partir de 2014. Todos os cursos utilizam metodologi­as ativas de ensinoapre­ndizagem, aproximam as práticas nos ambientes acadêmicos dos serviços de saúde e dos espaços comunitári­os.

Em meados da década passada foi criado o Programa de Mestrado e de Doutorado em Biotecnolo­gia Aplicada à Saúde da Criança e do Adolescent­e, que impulsiono­u a criação do primeiro Biobanco do Paraná e do Laboratóri­o Genômico. Em decorrênci­a das inovações educaciona­is e do seu sucesso, em 2014 foi criado o Programa de Mestrado de Ensino nas Ciências da Saúde, voltado à capacitaçã­o de professore­s universitá­rios dotados das competênci­as necessária­s. Dessa forma a Instituiçã­o contribui para a formação de profission­ais de saúde comprometi­dos com a atenção humanizada e ética.

Quem conhece ou já precisou dos serviços do Complexo Pequeno Príncipe sabe que essas palavras são insuficien­tes para retratar o que milhares de técnicos, profission­ais, voluntário­s, dirigentes vêm realizando em benefício de milhões de pequenos pacientes e suas famílias. Por isso não me aventurei a completar o título deste artigo. É melhor que fique em aberto para que caiba nele toda a gratidão e solidaried­ade que são merecedore­s os seus mentores, mantenedor­es e colaborado­res.

MICHELE CAPUTO NETO, deputado estadual 2019-2022, farmacêuti­co e ex-secretário de Saúde do Paraná

A criança deixou de ser só ‘paciente’ para ser também ‘criança ativa e criativa’ e o professor um ‘educador-aprendiz’”

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil