Beto Richa e Lula não têm nada de parecidos, mas os argumentos defensivos que empregam são os mesmos
Beto Richa e Lula nada têm de parecidos, mas os argumentos defensivos que empregam são os mesmos: nada fizeram de anormal e declararam tudo à justiça eleitoral. Embora os feitos das reeleições em Curitiba e no Paraná no primeiro turno, o paranaense obviamente não tem a aura mítica do ex-presidente, principalmente depois da acachapante derrota no Senado.
Se o grupo de Bolsonaro, a claque de fanáticos, não é lá essas coisas, menor ainda é o de Richa, limitado àqueles que favoreceu, muitos deles envolvidos em processos comuns como esse do bloqueio de R$ 19,9 milhões na Operação Integração, que se junta a outros dois das operações Piloto e Quadro Negro. Como ironizava Drummond de Andrade, “enquanto o poeta estadual discute com o municipal, o poeta federal tira ouro do nariz”. Lula é um poeta federal e, mais do que isso, uma expressão internacional sempre referido nas esquerdas, e o ex-governador, depois da última derrota, está fora de combate.
Os dois no entanto são favorecidos pelas revelações do Intercept Brasil, essa mágica de circo que tenta, com apoio na mídia, sugerir que a Vaza Jato tem mais valor do que a Lava Jato como revelação da verdade e efeitos penais. Não dá para imaginar, porém, que houvesse um acampamento em favor de Richa como esse, que já não tem tanta energia, dedicado a Lula. O vitimalismo beneficia os dois até nas decisões judiciais, ainda mais agora que está na pauta a delação do ex-ministro Antonio Palocci já revista em parte no STF.