Folha de Londrina

Beto Richa e Lula não têm nada de parecidos, mas os argumentos defensivos que empregam são os mesmos

- LUIZ GERALDO MAZZA

Beto Richa e Lula nada têm de parecidos, mas os argumentos defensivos que empregam são os mesmos: nada fizeram de anormal e declararam tudo à justiça eleitoral. Embora os feitos das reeleições em Curitiba e no Paraná no primeiro turno, o paranaense obviamente não tem a aura mítica do ex-presidente, principalm­ente depois da acachapant­e derrota no Senado.

Se o grupo de Bolsonaro, a claque de fanáticos, não é lá essas coisas, menor ainda é o de Richa, limitado àqueles que favoreceu, muitos deles envolvidos em processos comuns como esse do bloqueio de R$ 19,9 milhões na Operação Integração, que se junta a outros dois das operações Piloto e Quadro Negro. Como ironizava Drummond de Andrade, “enquanto o poeta estadual discute com o municipal, o poeta federal tira ouro do nariz”. Lula é um poeta federal e, mais do que isso, uma expressão internacio­nal sempre referido nas esquerdas, e o ex-governador, depois da última derrota, está fora de combate.

Os dois no entanto são favorecido­s pelas revelações do Intercept Brasil, essa mágica de circo que tenta, com apoio na mídia, sugerir que a Vaza Jato tem mais valor do que a Lava Jato como revelação da verdade e efeitos penais. Não dá para imaginar, porém, que houvesse um acampament­o em favor de Richa como esse, que já não tem tanta energia, dedicado a Lula. O vitimalism­o beneficia os dois até nas decisões judiciais, ainda mais agora que está na pauta a delação do ex-ministro Antonio Palocci já revista em parte no STF.

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