Folha de Londrina

Que prevaleça o bom senso

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A prova da insensatez. Uma doença que pode ser evitada com vacina disponível na rede pública e que estava erradicada no Brasil já causou quatro mortes este ano no País. A quarta vítima fatal do sarampo foi uma criança com menos de um ano de idade, que morava em Pernambuco. As outras três mortes ocorreram em São Paulo, estado que responde por 98% dos casos da doença até agora. Só nos últimos 90 dias, parâmetro adotado pelo Ministério da Saúde para monitorar o surto, o Brasil registrou 2.753 casos confirmado­s.

No Paraná, o sarampo também voltou a assustar. De acordo com a Secretaria de Saúde, sete casos foram confirmado­s, sendo quatro em Curitiba e os demais em Rolândia, Jacarezinh­o e Campina Grande do Sul.

É surpreende­nte que uma nação que requer sua entrada em grupos de países de elite não consegue lidar com doenças que em determinad­os momentos haviam desapareci­do e depois voltaram com carga total, como é o caso da dengue e do sarampo.

Muitos alertaram que o Brasil poderia perder o certificad­o de país livre de sarampo - concedido pela Organizaçã­o Pan-Americana de Saúde em 2016 - quando o primeiro caso da doença surgiu no ano passado, no Pará. As baixas taxas de vacinação no Brasil, percebidas nos últimos anos, certamente ajudaram a agravar o cenário. Por isso, medidas importante­s vêm sendo tomadas por muitas escolas, como a exigência da carteira de vacinação das crianças no início do ano letivo. Mesmo não sendo impeditivo da matrícula, é uma forma dos pais ou responsáve­is serem conscienti­zados sobre a importânci­a de manter o calendário de vacinação dos filhos em dia. Enquanto as escolas adotam medidas de prevenção, cabe aos governos (federal, estadual e municipal) ficarem alertas e monitorar os índices de vacinação no País.

No caso do sarampo, a faixa etária com maior número de registros de casos, de acordo com o Ministério da Saúde, é a de bebês menores de um ano. Por conta disso, o Ministério da Saúde recomenda, desde agosto, a aplicação de uma dose da tríplice viral em crianças de seis meses a 11 meses a 29 dias. É a chamada dose zero, que não substituir­á as outras duas doses que deverão ser tomadas aos 12 e aos 15 meses.

Além da atenção com a vacina, vale o bom senso: as famílias precisam evitar expor os bebês a aglomeraçõ­es e manter higienizaç­ão e ventilação de ambientes. Crianças, jovens e adultos que não foram vacinados devem buscar orientação nas unidades básicas de saúde.

Tanto quanto as orientaçõe­s acima, a informação também é um “remédio” importante, lembrando que a disseminaç­ão de notícias falsas sobre vacinas colaborou para a baixa cobertura da imunização.

Poder público e sociedade precisam agir rapidament­e para tirar o Brasil dessa situação vergonhosa, adotando medidas para que o país volte a conseguir o certificad­o de livre do sarampo.

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