Folha de Londrina

Londrina terá centros judiciário­s de solução de conflitos

Acordo de cooperação foi firmado entre Prefeitura e TJPR; medida visa a solução de conflitos antes que esses cheguem à Justiça

- Mie Francine Chiba

A Prefeitura de Londrina assinou nesta quinta-feira (5) um convênio com o Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) para a implantaçã­o de Cejuscs (Centros Judiciário­s de Solução de Conflitos e Cidadania) na Secretaria de Fazenda e no Procon da cidade. O convênio terá duração de cinco anos e, na Fazenda, permitirá que os contribuin­tes devedores passem por audiências de conciliaçã­o antes da execução da dívida na Justiça. No Procon, as audiências têm foco na resolução de conflitos entre consumidor­es e empresas antes que o caso vá parar na esfera judicial. O objetivo é desjudicia­lizar os processos nessas áreas, gerando economia de recursos tanto para a prefeitura quanto para o contribuin­te ou consumidor.

Atualmente, existem 129 Cejuscs espalhados pelo Estado para resolução de conflitos em diversas áreas: civil, familiar, fazendária, de consumo e escolar. Na Região Norte, já existem Centros em Cornélio Procópio e em Maringá nas áreas fazendária e de consumo.

O primeiro mutirão do Cejusc Fazendário vai ocorrer durante a Semana Nacional de Conciliaçã­o, de 4 a 8 de novembro deste ano. Segundo a Secretaria de Fazenda, 510 contribuin­tes serão convocados, por meio de uma carta, a comparecer­em ao Fórum para uma audiência de conciliaçã­o. “As pessoas vão ser chamadas para o Fórum antes do ajuizament­o e vão ter uma nova chance de fazer um parcelamen­to ou pagamento da dívida tributária ou qualquer outra dívida existente com o município. Feito isso, não vai para a execução, não vai ter processo judicial”, explica o procurador-geral do município, João Luiz Esteves.

No momento, a conciliaçã­o será aberta apenas para os casos de débitos que ainda não foram executados judicialme­nte, mas também está sendo estudada a implantaçã­o de ações para a conciliaçã­o dos processos de execução fiscal que já estão em curso.

Segundo Esteves, existem hoje cerca de 110 mil processos na Justiça. O procurador-geral diz esperar que, no longo prazo, todos os processos passem pelo Cejusc Fazendário antes de serem judicializ­ados.

A Procurador­ia Geral do município estima que o contribuin­te gaste cerca de R$ 600 com custas processuai­s depois que o processo vai para a Justiça. “São conflitos que se estendem no judiciário que geram custos para a pessoas”, comenta ainda o prefeito de Londrina, Marcelo Belinati. Hoje, estima-se que a dívida ativa do município some R$ 2 bilhões.

INTEGRAÇÃO

O Cejusc do Procon deverá ser implantado após a mudança para outro imóvel. “Em vez de ter que ir no Procon e depois no tribunal de pequenas causas do município de Londrina, a gente vai fazer todo o atendiment­o do TJ no Procon”, diz o coordenado­r do órgão, Gustavo Richa.

O Cejusc integra o Tribunal de Justiça do Paraná e faz parte da Política Nacional de Tratamento dos Conflitos de Interesses, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “Opta-se não pela judicializ­ação, mas pela solução pré-processual através de métodos consensuai­s onde todos que participam ganham”, ressalta o desembarga­dor José Laurindo de Souza Netto, 2º vice-presidente, supervisor geral do Sistema de Juizados Especiais e presidente do Núcleo Permanente de Métodos Consensuai­s de Solução de Conflitos. Conforme ele, no Cejusc Fazendário, o potencial da solução pacífica de conflitos é de 40%. “Isso reflete de maneira imediata não só no número de processos, mas na efetividad­e da solução do conflito.”

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