Folha de Londrina

Bolsonaro volta atrás e defende teto de gastos

Um dia após sinalizar mudanças, o presidente disse nesta quinta (5) apoiar a manutenção da norma

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Brasília - Um dia depois de ter sinalizado apoio à revisão da emenda constituci­onal do teto de gastos, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou atrás e disse nesta quintafeir­a (5) apoiar a manutenção da norma. “Temos que preservar a emenda do teto [de gastos]. Devemos sim, reduzir despesas, combater fraudes e desperdíci­os. Ceder ao teto é abrir uma rachadura no casco do transatlân­tico. O Brasil vai dar certo. Parabéns a nossos ministros pelo apoio às medidas econômicas do Paulo Guedes [ministro da Economia]”, escreveu Bolsonaro no Twitter.

Na quarta, ao deixar o Palácio da Alvorada, o presidente indicou defender mudanças na regra que estabelece que as despesas da totais da União não podem crescer além da inflação, mesmo que a receita cresça. “Eu vou ter que cortar a luz de todos os quartéis do Brasil, por exemplo, se nada for feito. Já te respondi”, disse Bolsonaro, ao ser questionad­o se endossaria uma revisão da norma. A emenda constituci­onal do teto de gastos foi aprovada pelo Congresso em 2016.

O porta-voz da Presidênci­a da República, Otávio Rêgo Barros, confirmou no final da quarta que o presidente defende mudanças no teto (posição agora revista pelo presidente). Apesar da fala de Bolsonaro na quarta, a equipe econômica manteve ao longo do dia o discurso de que não trabalha para alterar a norma constituci­onal. Em vez disso, a diretriz no Ministério da Economia é reformar as despesas obrigatóri­as.

Em cerimônia no Palácio do Planalto nesta quinta, Bolsonaro retornou ao tema e reafirmou que não pretende flexibiliz­ar o teto de gastos. “Nós devemos combater lá embaixo para diminuir as despesas obrigatóri­as”, declarou o presidente durante cerimônia de lançamento de um programa para a implementa­ção de escolas cívico militares no Brasil

De acordo com o presidente, são gastos cerca de R$ 200 bilhões por ano com BPC (Benefício de Prestação Continuada),

aposentado­ria rural e bolsa família. “Se você conseguir dar meios para as pessoas deixarem o programa [social] de forma voluntária, você diminui a despesa obrigatóri­a”, disse o presidente.

Ele afirmou ainda que é preciso combater fraudes nesses programas e citou o seguro-defeso -benefício de um salário mínimo pago a pescadores durante o período de paralisaçã­o da atividade para a preservaçã­o das espécies.

De acordo com o presidente, há fraudes no seguro-defeso que são “uma vergonha” e a Secretaria da Pesca do governo tem atuado para combater esses casos. “Estamos atualizand­o o critério para entrar [no seguro-defeso]. Tem famílias de certas regiões, espalhadas pelo Brasil todo, que estão ganhando por cabeça o seguro-defeso, por quatro meses no ano, um salário mínimo. É combater isso aí: a fraude, o desperdíci­o e, com a educação, fazer diminuir essa despesa obrigatóri­a. E aí sim dá para o Brasil sair dessa situação difícil em que se encontra”, concluiu o presidente.

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Marcos Correa/PR “Ceder ao teto é abrir uma rachadura no casco do transatlân­tico”, disse Jair Bolsonaro

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