Folha de Londrina

Nova CPMF enquadrari­a até Netflix e Uber, diz Guedes

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Fortaleza - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira (5) que a sociedade terá que tomar uma decisão sobre a volta de um imposto sobre movimentaç­ão financeira.

Guedes defende que haja uma diminuição nos encargos trabalhist­as, mas que em contrapart­ida seja criado um imposto nos mesmo moldes da antiga CPMF (Contribuiç­ão Provisória Sobre Movimentaç­ão Financeira), aplicada entre 1997 e 2007. O ministro disse que seria uma maneira de taxar, por exemplo, transações financeira­s relacionad­as a empresas como Netflix (streaming) e Uber (aplicativo de transporte).

“O que você prefere? Bota 0,2% aí, o FHC criou [a CPMF], arrecadou tão bem. O padre pagou, o traficante pagou, porque almoçou tá lá cobrando. Então vamos ter que escolher, cair o encargo trabalhist­a de 20% para 10%, 15%, com o imposto sobre movimentaç­ão junto”, afirmou Guedes.

“Vamos dar essa escolha para a sociedade. Como pego o Netflix, o Uber? Assim eu pego. Podemos arrecadar R$ 100 bilhões, R$ 150 bilhões e podemos criar também 5 milhões de empregos com a diminuição do encargo trabalhist­a.”

O ministro deu uma palestra a empresário­s em Fortaleza, em sua primeira visita ao Nordeste desde que assumiu a pasta, em janeiro. O imposto, que ainda não tem nome, entraria na reforma tributária que será enviada ao Congresso nos próximos meses. Guedes não deu uma data precisa de quando será finalizada a proposta.

O ministro falou também sobre a reforma da Previdênci­a e agradeceu ao senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) por incluir estados e municípios no texto que será analisado pelo plenário do Senado depois de aprovado pela CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça), mas lamentou o que chamou de desidrataç­ão em alguns pontos que deve dimimuir a economia nos gastos do governo de R$ 1 trilhão para pouco mais de R$ 900 bilhões em dez anos. Tasso estava na plateia.

“Lamento a desidrataç­ão original, entendo mas lamento, mas agradeço a inclusão dos estados e municípios. Acredito que o Senado vai recompor a estrutura básica no plenário. Vimos mais de um milhão de pessoas nas ruas aprovando a reforma, isso é maturidade. O problema do Brasil foram 40 anos de descontrol­e dos gastos público”, disse Guedes, que reiterou que será necessário fazer um sistema de capitaliza­ção senão a cada cinco anos será preciso outra reforma da Previdênci­a.

“Não é a solução definitiva [o que foi aprovado]. Vai limpar o horizonte uns 15 anos, mas lá na frente vai voltar o fantasma”, disse.

Ele afirmou ao final não estar frustrado com o cresciment­o projetado para 2019 - segundo o IBGE o país cresceu 0,4% no segundo trimestre e a projeção para o ano é de 1%. “Não estou frustrado, o orçamento previa 2,5% de cresciment­o, mas vai crescer meio mesmo, o Brasil está acuado, está lá no chão”, afirmou.

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