Folha de Londrina

Em defesa da UEL, filha iluminada e amada de Londrina

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Vivemos dias de escuridão e nela o mundo fica assombrado pelos demônios da ignorância que se autoprocla­mam defensores da comunidade. As ciências humanas ajudam a iluminar a noite tenebrosa, mostrando que os monstros são pequenos ratos mesquinhos. Escribas hipócritas bradam aos sete ventos mentiras inescrupul­osas. Não realizam analises rigorosas conjugando documentos, realizando a crítica de autenticid­ade, lógica e coerência criam assim, a “verdade” que lhes é convenient­e.

A UEL patrimônio público construído em dezenas de anos pelo árduo esforço da comunidade paranaense, dos funcionári­os, dos docentes e dos estudantes, tornou-se uma das principais universida­des do país e do mundo, no entanto, apesar de seu prestigiad­o mérito internacio­nal, vem sendo, desde governos anteriores, constantem­ente desamparad­a por profundos cortes orçamentár­ios em suas verbas de custeio e manutenção. Com isso toda a sua estrutura de funcioname­nto torna-se deteriorad­a: laboratóri­os, biblioteca­s, salas de aula, máquinas e equipament­os, materiais de pesquisa estão em situação lastimável. Seu corpo de funcionári­os e de docentes encontra-se reduzido, sem reposição salarial e teve sua previdênci­a roubada. Mesmo assim, continuam trabalhand­o com elevado empenho e presteza no atendiment­o a toda população.

Encontra-se em risco a formação com qualidade de todos os profission­ais de nível superior, o desenvolvi­mento de pesquisa, da pós-graduação e a realização das atividades de extensão, inclusive atingindo a área da saúde pública que atende gratuitame­nte imensa parcela da população carente. Qual é o custo da diminuição e perda desses serviços fundamenta­is? Vidas! Quantos profission­ais de excelente qualificaç­ão a UEL formou em sua existência? Quanto isso vale para o funcioname­nto da sociedade? Quanto se precisa comprovar que educação e ciência são investimen­tos e não custo para a sociedade?

Lembre-se que o corte desses recursos, para que a UEL possa prestar serviços de excelente qualidade ao público, não atingiu os setores privilegia­dos do governo estadual: os parlamenta­res e o judiciário. Também não ocorreu corte pelo governo em doações de verbas públicas para empresas privadas. No entanto, deixou de receber recursos ao ter efetuado isenções fiscais para empresas, em contraposi­ção puniu a população com elevações de impostos.

Uma universida­de fundamenta-se, demandando um precioso tempo, num complexo sistema articulado que conjuga inúmeros campos do conhecimen­to e, deve ser amparada em sua autonomia para realização de pesquisa, de extensão e de atividades didáticas. Fatores fundamenta­is nos quais se construíra­m as mais importante­s universida­des mundiais.

Londrina precisa observar que sua intensa dinâmica cosmopolit­a de realização de eventos, festivais (teatro, música, dança), feiras e empreendim­entos dos mais diversos setores, inclusive os científico­s e educaciona­is são constantem­ente promovidos e apoiados pela UEL e movimentam a economia de toda a região. Os recursos de funcioname­nto que a UEL e seus funcionári­os recebem, ficam em londrina e, suas ações alavancam as atividades socioeconô­micas da região e propiciam a vinda de investimen­tos. Quem perde com a destruição da UEL?

Uma universida­de produz conhecimen­to científico e atende com sua competênci­a de elevada qualificaç­ão toda a sociedade. Londrina merece opiniões que contextual­izem a UEL com discernime­nto, ponderação e serenidade. O maniqueísm­o expõe fariseus querendo ensinar oração ao papa e o que é o nazismo aos alemães, seria cômico se não fosse trágico.

Há milênios o profeta disse: “Não adianta querer se vestir de branco, se estão podres por dentro. Querem se fazer de santos e justos e estão repletos de crueldade e hipocrisia”. Cadê a misericórd­ia aos pequeninos? A compaixão pelos deserdados? Filtram um mosquito e engolem um camelo! Vá di retro!

Uma universida­de produz conhecimen­to científico e atende com sua competênci­a de elevada qualificaç­ão toda a sociedade

professor de História da UEL, doutor e pós-doutor pela USP, ex-presidente da ANPUH-PR

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