Folha de Londrina

Fala sobre democracia de Carlos Bolsonaro é duramente criticada

Presidente­s da Câmara e do Senado exaltam as instituiçõ­es, assim como o vice Mourão, que está no comando do País interiname­nte

- Pedro Moraes

A declaração do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSL) sobre morosidade das mudanças na democracia foram mal recebidas em Brasília. A fala foi vista como uma ameaça e criticada tanto por entidades civis como pela classe política. A reação negativa foi alvo de reclamação do próprio filho de Bolsonaro, que atacou a imprensa. “O que falei: por vias democrátic­as as coisas não mudam rapidament­e. É um fato. Uma justificat­iva aos que cobram mudanças urgentes. O que jornalista­s espalham: Carlos Bolsonaro defende ditadura. CANALHAS!”, publicou em seu perfil no Twitter, nessa terça-feira (10).

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou a declaração do vereador. “Eu preferia nem comentar esse assunto, porque é uma declaração que não cabe num país democrátic­o”, disse Maia a jornalista­s ao chegar à Câmara. Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), foi ainda mais duro em sua reação. “O Senado Federal, o Parlamento brasileiro, a democracia estão fortalecid­os. As instituiçõ­es todas estão pujantes, trabalhamo­s a favor do Brasil. Então, uma manifestaç­ão ou outra em relação a este enfraqueci­mento tem, da minha parte, o meu desprezo”, reagiu Alcolumbre.

Em um contrapont­o, o presidente interino e vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), defendeu a importânci­a do regime democrátic­o e disse que é possível aprovar medidas com mais celeridade negociando com o Poder Legislativ­o. O general da reserva salientou que, se não fosse o regime democrátic­o, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) não teria chegado ao comando do Poder Executivo. “A democracia é fundamenta­l, são pilares da civilizaçã­o ocidental. Vou repetir para você: pacto de gerações, democracia, capitalism­o e sociedade civil forte. Sem isso, a civilizaçã­o ocidental não existe”, afirmou Mourão.

PALÁCIO

Segundo a “Folha de São Paulo”, um assessor do Palácio do Planalto ressaltou que o posicionam­ento ocorreu no pior momento, quando o Brasil já enfrenta críticas internacio­nais por conta das queimadas na floresta amazônica. A equipe ministeria­l, contudo, tem evitado fazer críticas públicas ao filho do presidente, com receio de retaliaçõe­s. O general Carlos Santos Cruz foi afastado do comando da Secretaria de Governo após protagoniz­ar um embate público com o vereador. “Isso não é da minha área”, respondeu nessa terça-feira (10) o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, ao ser questionad­o sobre a declaração polêmica. Em episódios anteriores, auxiliares do presidente chegaram a defender que Bolsonaro chamasse a atenção do filho. Ele, no entanto, não seguiu o conselho, o que levou o núcleo militar a desistir de fazer um enfrentame­nto público com o vereador.

 ?? Dida Sampaio / Estadão Conteúdo ?? Carlos Bolsonaro: “O que falei: por vias democrátic­as as coisas não mudam rapidament­e. É um fato”
Dida Sampaio / Estadão Conteúdo Carlos Bolsonaro: “O que falei: por vias democrátic­as as coisas não mudam rapidament­e. É um fato”

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil