Folha de Londrina

Mudança passa por valorizaçã­o de professore­s, dizem especialis­tas

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Curitiba - Entre as principais diferenças entre os cenários educaciona­is do Brasil e dos países da OCDE (Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico) está a média salarial dos professore­s. Enquanto o Brasil pagou, em média, até US$ 23,9 mil (R$ 97,6 mil) para docentes de nível médio, os valores chegaram a US$ 45,8 mil (R$ 186,9 mil) na OCDE. O estudo também aponta que os professore­s brasileiro­s ganham 13% a menos do que trabalhado­res com o mesmo nível de formação no País.

“Se a gente quer fazer a virada da educação, um dos pontos fundamenta­is é a valorizaçã­o do magistério, para que a gente atraia para essa profissão os jovens que têm os melhores desempenho­s no ensino médio e hoje buscam outras áreas”, diz Caio Callegari, coordenado­r de projetos do movimento Todos pela Educação.

Os baixos salários são um dos principais gargalos da educação brasileira também para Ângelo Ricardo de Souza, professor e pesquisado­r do Núcleo de Políticas Educaciona­is da UFPR (Universida­de Federal do Paraná).

Além da valorizaçã­o da carreira, Souza argumenta que melhorar as condições materiais dos professore­s também é uma medida para melhorar a qualidade do ensino, que passa pelo acesso a bens culturais e por condições adequadas de trabalho.

O pesquisado­r explica que a educação de baixa qualidade e a desvaloriz­ação do magistério geram um círculo vicioso que acaba levando alunos que não tiveram acesso a boas escolas a escolher justamente a sala de aula. “Ele não vai ser médico, engenheiro, advogado. Se conseguir chegar à educação superior, vai fazer uma licenciatu­ra. E vai repetir o ciclo da baixa qualidade com a formação que teve”, explica.

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