Participação de mulheres no setor de TI cai no Paraná
Embora número absoluto de empregadas no setor tenha avançado, participação caiu de 22% para 18% no PR
Entre 2007 e 2017, o número de mulheres ocupadas em atividades relativas à prestação de Serviços de TI cresceu 48% no Paraná, passando de 3,7 mil para 5,4 mil. A evolução teve um ritmo maior que no total da economia, no qual a evolução dos postos de trabalho ocupados por mulheres foi de 37% no período (996 mil para 1,3 milhão).
Porém, a participação relativa das mulheres no mercado de trabalho de Serviços de TI no Paraná caiu 4 pontos percentuais, passando de 22% para 18%, de 2007 a 2017. Isso porque a evolução do número de homens ocupados no setor cresceu duas vezes mais (99%), passando de 12,9 mil para 25,6 mil.
As informações fazem parte de um boletim mensal produzido pela Assespro-Paraná (Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação), em parceria com o Departamento de Economia da UFPR (Universidade Federal do Paraná), a partir de dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério da Economia.
Dentro da área de Serviços de TI, a proporção de mulheres é maior na ocupação de professores de matemática, estatística e informática no Ensino Superior (40%). Por outro lado, a proporção de mulheres em ocupações como engenheiros de computação e diretores de serviços de informática, por exemplo, é bem inferior, chegando a apenas 5% e 7%, respectivamente.
A boa notícia é que os salários das mulheres em Serviços de TI são ligeiramente maiores que os dos homens. Enquanto eles recebem em média R$ 5.688, elas recebem R$ 5.784 1,7% do que recebem os colegas do sexo oposto no Paraná.
É, principalmente, na ocupação de Técnicos de Programação que o salário das mulheres é superior - elas recebem em média R$ 4.194, enquanto os homens ganham R$ 3.811. A diferença é de aproximadamente 10%. Por outro lado, na ocupação de diretores de Serviços de Informática, o salário da mulher (R$ 3.658) chega a ser 70% menor que o dos homens (R$ 12.018). Para Adriano Krzyuy, presidente da Assespro-Paraná, a diferença do salário depende de diversos fatores, como formação e experiência.
Em agosto, a entidade realizou um evento com o tema da mulher na tecnologia. O MyInova Summit 2019 contou com workshops, hands-on e trilhas específicas voltadas para executivas e executivas de empresas de tecnologia. “Queremos incentivar mais a entrada da mulher na tecnologia, porque às vezes há até algum mito em relação à área de exatas, mas a gente vem percebendo que a mulher tem diferencial na área – experiência do usuário, usabilidade, design e mesmo programação de software. Elas são mais determinadas em alguns pontos e isso reflete em qualidade”, ressalta Krzyuy.
DIRETORIA FEMININA
Em 37 anos de atividade, essa é a primeira vez que a Assespro-Paraná elegeu duas diretoras mulheres de um total de 15 diretores. Elas vão ocupar as diretorias de Mulher na Tecnologia e Infraestrutura e Segurança na gestão 2019-2020.
A diretoria de Mulher na Tecnologia foi criada nessa gestão. “Percebemos que mulher na tecnologia é uma coisa muito rara”, disse a diretora, Ana Lucia Starepravo. Em 20 anos, a empresa da qual ela é sócia, que desenvolve software para a área de alimentos em Curitiba, teve apenas uma programadora. “Nunca tive uma analista de sistemas, nunca tive uma gerente de TI, nunca tive praticamente mulher nessa área. E existe a necessidade de gênero em todos os segmentos.”
Na opinião da diretora, as características dos homens e das mulheres se complementam. “O homem tem uma visão mais objetiva dos projetos em geral. A mulher tem uma visão mais detalhista e tende a ver o todo.”
Para Starepravo, a falta de mulheres na tecnologia tem relação com a forma como as crianças foram criadas anos atrás. “Eu ganhava boneca e meu irmão ganhava brinquedos eletrônicos. Isso não desperta nenhuma interesse das meninas na área técnica. Quando elas crescem, acabam escolhendo profissões de cuidadoras, como médicas, fisioterapeutas, fonoaudiólogas, pedagogas.”
O papel da diretoria de Mulheres na Tecnologia será de fomentar a ideia que as mulheres podem ter muito sucesso na área de tecnologia, que de maneira geral sofre com a falta de profissionais, diz a diretora. “O mercado de trabalho está difícil para todo mundo, menos para a TI. Já que estamos em uma época de escassez de emprego, por que não se voltar para uma área em que a mulher pode se dar bem e que está com demanda sobrando?”
Um dos projetos da diretoria é visitar escolas do Ensino Médio, fazer uma pesquisa entre as alunas, verificar que carreiras desejam seguir e levar profissionais de tecnologia para dar palestras nas escolas. Outro projeto é apostar nas redes sociais e em encontros presenciais para apresentar as carreiras possíveis na área de tecnologia, mostrar depoimentos de mulheres de sucesso e trocar ideias.