‘O produto digital está sendo feito por homens’
Diversidade dentro das empresas gera melhores resultados” (Danhara Gomes, empreendedora)
Mulher na tecnologia é uma coisa muito rara” (Ana Lúcia Starepravo, diretora da Assespro-Paraná)
Mulheres não foram ensinadas a gostar de eletrônicos” (Stephane Takemiya, programadora)
Para a programadora Stephane Takemiya, ter mulheres desenvolvendo tecnologia é importante porque dentre os usuários desses produtos também estão as mulheres. “O produto digital está sendo feito por homens, e aí tem um problema de viés do resultado final do produto, porque o homem não vai construir o produto para a mulher.”
A programadora é professora universitária e CEO da startup Hevento, uma associação digital de mulheres criada para impulsionar negócios de mulheres no Brasil por meio de uma plataforma digital. Mesmo no ambiente empreendedor, a participação da mulher é pequena. Das 649 startups analisadas pelo Sebrae no Mapeamento do Ecossistema de Startups Paranaenses, apenas 106 foram fundadas por mulheres.
Takemiya também é organizadora do GDG-Londrina (Google Developers Group), parte de uma comunidade global de desenvolvedores da Google, e embaixadora do WTM (Women Tech Makers), movimento que tem o apoio da Google e o objetivo de inspirar e motivar as mulheres a entrarem na área de tecnologia.
Na sua visão, é através de iniciativas como essas que as mulheres podem ter o “despertar” para a área de tecnologia. Em agosto, Takemiya foi uma das palestrantes do Mulheres Tech n´Tudo, criado para incentivar mulheres a empreender. O evento, organizado pelo WTM, pela Dg Comunicação Digital e pela Jornada SporTec & HealthTech, contou com palestras e painéis, todos liderados por mulheres. Ao final, o espaço foi aberto para uma rodada de pitchs 100% feminina. “A ideia era dar oportunidade para empreendedoras de Londrina mostrarem o que vêm fazendo”, conta Danhara Gomes, da Dg Comunicação Digital.
“Diversidade dentro das empresas gera melhores resultados. (A escassez de mulheres na tecnologia) É cultural, vem lá de trás quando o homem saía para caçar e a mulher ficava na caverna. Precisamos quebrar esses paradigmas e criar novas culturas”, diz Gomes, que também é empreendedora e tem startups na área de SporTech e HealthTech. Para ela, existe hoje no mercado um bloqueio das próprias mulheres e um bloqueio social que as impede de serem inseridas no setor de tecnologia. Esse tipo de situação pode ser percebido, por exemplo, quando em uma reunião uma mulher empresária faz uma pergunta para uma pessoa e esta responde olhando para o sócio dela. “Existe bloqueios dos dois lados.”