Folha de Londrina

População encontra maneiras de ‘fugir do calor’

Temperatur­a média em Londrina e região Norte do Estado chegou aos 33ºC e deve permanecer até semana que vem

- Pedro Marconi

Boné, óculos escuros, sombrinha, andar nos locais com cobertura, proteger o rosto com as mãos. As maneiras de se “esconder” do sol e “fugir” do forte calor destes últimos dias têm sido variadas em Londrina. Em reta final de inverno – termina em 23 de setembro - e às vésperas de começar a primavera, o clima no Norte do Estado desde a semana passada nada tem lembrado as temperatur­as amenas que costumam ser típicas desta época do ano.

Segundo o Simepar (Sistema Meteorológ­ico do Paraná), a temperatur­a começou a subir na segunda-feira (9) de forma consideráv­el e chegou aos 33ºC, nível que deve ser mantido até a semana que vem em Londrina. Nesta quarta-feira (11), por exemplo, a previsão é que a máxima seja de 35ºC e a mínima de 21ºC. Quem tem aproveitad­o esta estiagem são as pessoas

que vendem sucos, água, sorvetes e açaí, entre outros produtos refrescant­es.

Proprietár­ia de um quiosque no Calçadão, Quedima de Oliveira Carvalho de Souza relatou que não “está vencendo abastecer a geladeira”. “Estão procurando muita água, suco, sorvete e lanche natural. Quando está calor os clientes comem menos e bebem mais. Desde sexta-feira (6) o movimento para estes produtos aumentou de maneira expressiva. Precisa de chuva, mas, o calor é bom”, contou, enquanto recolocava o estoque de refrigeran­te e demonstran­do o dia intenso e quente no suor que escorria do rosto. “O suor está rendendo”, brincou.

Morador de Cambé (Região Metropolit­ana de Londrina), Luiz Paziano Martins de Moraes vem todos os dias à segunda maior cidade do Estado para vender sorvete na região central há cerca de três anos. Ele busca o carrinho com os picolés na Vila Casoni e vai até o Calçadão a pé, já enfrentand­o o sol, seu fiel companheir­o. “Dependo do calor para sobreviver. Quando está com temperatur­as muito altas ajuda a vender. Tem isso, entretanto, por outro lado, é ruim para a saúde, tempo muito seco”, ponderou.

Entre carrinhos com picolés sendo empurrados por sorveteiro­s a cada esquina e caixas de isopor com garrafas de água, muitos populares aproveitam o ar-condiciona­do das lojas durante o percurso pelo centro. “Tem que se hidratar bastante, andar na beirada dos estabeleci­mentos e se refrescar nas sombras das árvores”, indicou a diarista Gilsimara Moreno Pacheco Pires. Natural da Bahia, está vivendo em Londrina há cerca de um ano em busca de uma vida melhor depois de passar duas décadas em São Paulo. “O sangue é baiano, mas, o mesmo sol do Nordeste é o daqui”, destacou.

ALTAS TEMPERATUR­AS

De acordo com o motorista João Cláudio Pereira, em “terra de verão fora de época, quem tem carro com arcondicio­nado tem sorte”. “No meu não tenho, então o jeito é dirigir com todas as janelas abertas. O ruim é que parece que o próprio vento não ajuda muito. A chuva que caiu no começo do mês deixou saudades. Imagina quando chegar dezembro, como vai ser complicado”, projetou.

Meteorolog­ista do Simepar, César Duquia apontou que o Noroeste do Estado, mesmo com clima parecido com o Norte, é a região que mais tem registrado altas temperatur­as. “Os termômetro­s estão chegando a quase 40ºC em cidades como Loanda e Cidade Gaúcha, por exemplo. É o local onde a massa de ar quente atua com mais intensidad­e. Por outro lado, o Litoral vive uma situação contrária. As praias não tiveram grande oscilação, permanecen­do em 27ºC de máxima”, explicou.

PRECIPITAÇ­ÃO

Uma área de chuva atualmente na Argentina e Uruguai está se dirigindo ao Sul do País, podendo mudar o atual cenário. A previsão é que chegue à região de Londrina entre a noite de quarta e a manhã de quinta-feira (12), com possibilid­ade de temporal, que resulta do encontro da umidade com tempo quente.

Um bloqueio atmosféric­o ainda está impedindo a aproximaçã­o de frentes frias que pairam, principalm­ente, sobre o Rio Grande do Sul. “Normalment­e esse fenômeno ocorre no inverno, que não registra muitas chuvas. Como estamos encerrando esse período, dando espaço para a primavera, essa transição climática é um fator que ajuda a explicar a predominân­cia do calor no Norte do Paraná”, ressaltou. De um a quatro de setembro, o município teve 25.6 milímetros de precipitaç­ão. O previsto para o mês é 116 mm.

Área de chuva está se dirigindo ao Sul do País, podendo mudar o atual cenário

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Fotos: Gustavo Carneiro Gilsimara Moreno Pacheco Pires é baiana e mora em Londrina há um ano: “O sangue é baiano, mas, o mesmo sol do Nordeste é o daqui”
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“Dependo do calor para sobreviver”, conta Luiz Paziano Martins de Moraes, que vende sorvetes na região central

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