A perfeita imperfeição do amor
‘Eu Disse Que Voltava’, romance de Maria Angélica Constantino, será lançado nesta quinta (12) em Londrina
Gabriela é uma brasileira de 8 anos de idade que visita Portugal na companhia da mãe. Num restaurante de Lisboa, inesperadamente se apaixona por Rodrigo, um garçom de 18 anos. Ao deixar o local, a garota diz ao rapaz que precisa retornar ao Brasil, mas que retornará quando fizer 18 anos para se casar com ele. O moço diz que ficará esperando.
Essa história de amor improvável é a trama central do novo romance da escritora londrinense Maria Angélica Constantino: “Eu Disse Que Voltava”. O lançamento do livro acontece nesta quinta-feira (12), na Livrarias Curitiba a partir das 19 horas. No próximo dia 26 acontece um bate-papo com a autora no Sesc Londrina Centro.
Mesmo diante de algo improvável, Gabriela, quando atinge a maioridade, retorna para Portugal. Agora não como uma garotinha, mas uma costureira em busca de novas experiências e oportunidades. E consegue reencontrar Rodrigo, agora chef do restaurante. Mas como nada é fácil no amor, o casal vive uma sucessão de desafios, dificuldades, empecilhos, conflitos, reviravoltas e acontecimentos inesperados.
Autora de outros dois romances que venderam mais de 12 mil exemplares, “Pequena Londres” (2016) e “Uma Pequena em Londres” (2017), Maria Angélica Constantino fala a seguir sobre seu novo.
Em “Eu Disse Que Voltava” você narra uma genuína história de amor. Você considera que o romantismo ainda é possível nos dias hoje ou ficou restrito ao universo da literatura?
Eu acredito que o ser humano tem sede de amor, mesmo aquele que finge não se afetar. É importante para nossa própria sanidade que estabeleçamos vínculos afetivos, a começar por si mesmo. Se amar mais, se gostar mais... E aprender amar quem está por perto sem julgamento, sem amarras. Infelizmente as pessoas confundem muito o que é o amor... Gosto de pensar que a literatura nos ajuda a perceber o amor dentro de nós e com isso expandir o que já está lá ao outro.
Algumas situações da trama do livro se assemelham à fantasia dos contos de fadas. Outras situações da trama são concretas e reais próprias do mundo atual. Como é fazer a ponte entre as duas coisas?
Imagino que o conto de fadas tem a sua função, e que nos ajuda nesse reconhecimento de quem somos. E enquanto caminhamos nessa ponte que diz tanto sobre nós, percebemos uma realidade por vezes tão dura que parece utópica e em outros momentos sonhamos um conto de fadas que de tão bom queremos que seja real, o que acaba aproximando um do outro. Talvez esse tipo de experiência de leitura nos desperte para olhar temas duros com mais carinho. E, ao mesmo tempo, que seja uma brisa de ar fresco enquanto sonhar não pagar imposto.
“Eu Disse Que Voltava” também é uma história sobre a importância da família em todas suas configurações. As histórias de amor sempre estarão atreladas à constituição de família?
Eu tenho uma família muito numerosa e com várias configurações e que se ama muito. Não é perfeita, às vezes temos desavenças, mas nos defendemos. Então acredito que é por isso que não consigo conceber minhas histórias de amor fora desse universo em que fui criada. Mas com certeza há quem ame sem formar uma família.
Na semana passada você lançou nacionalmente o livro na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, evento que sofreu um “recolhimento de livros”. Como você viu esse episódio?
Não sei como as informações foram passadas na mídia porque permaneci o tempo todo trabalhando dentro dos pavilhões da Bienal na divulgação dos meus livros. Mas é inadmissível que governantes, sem qualquer tipo de diálogo, recolham ou obriguem a recolher livros de forma arbitrária. Isso é censura. Eu não acho que crianças tenham que ser expostas à literatura erotizada, mas acredito que os pais sejam capazes de discernir sobre o que consideram adequado aos seus filhos. Eu, juntamente com meu marido, quero poder educar meus filhos da forma como decidirmos ser melhor. E podem acreditar que a educação dos meus filhos é melhor do que a de muitos filhos de políticos por aí. Como a gente pode chamar isso? Hipocrisia? Censurar os livros indica que vamos ter que censurar tudo, inclusive o Google, ninguém mais poderá fazer pesquisa. Vamos recolher os computadores, celulares e tabletes? Por isso é importante que os pais tenham um compromisso de participar da vida de seus filhos e não transferir esse compromisso para o governo. SERVIÇO
“Eu Disse Que Voltava”
Autora – Maria Angélica Constantino
Editora – Novo Século
Páginas – 288
Quanto – R$ 39,90
Lançamento dia 12 de setembro – Livrarias Curitiba (Catuaí Shopping) – Das 19h às 21h30
Bate-Papo dia 26 de setembro – Sesc Londrina Centro – 19h