Folha de Londrina

Quando o dinheiro público desviado volta à sociedade

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A identifica­ção e interrupçã­o de um esquema de corrupção é uma grande vitória para a sociedade, principalm­ente quando os culpados pelo crime são punidos conforme a lei. Mas o cidadão tem a percepção de que foi feita justiça quando o recurso desviado – ou pelo menos parte dele - volta para a comunidade, ressarcind­o os cofres públicos.

É o caso da devolução de R$ 365 milhões por parte da concession­ária de rodovias CCR Rodonorte, por meio de um acordo de leniência firmado junto ao Ministério Público Federal no Estado. Nesta segunda-feira (21), o governador Ratinho Junior anunciou as 12 obras que serão executadas com os recursos devolvidos pela empresa.

Todas as melhorias serão na região entre Curitiba e Apucarana, passando pelos Campos Gerais, com 30 quilômetro­s de duplicaçõe­s viárias e oito interseçõe­s de nível, como viadutos, trincheira­s e passagens. A lista completa pode ser vista na edição desta terça-feira (22), no caderno de Economia.

A Rodonorte foi alvo da Operação Integração em março deste ano e reconheceu que houve corrupção, lavagem de dinheiro e pagamento de propinas a agentes públicos desde 2000, para conseguir mudanças contratuai­s que beneficias­sem a empresa. Outras cinco concession­árias que atuam no Anel de Integração do Paraná também são alvos da mesma investigaç­ão.

A empresa pagará um total de R$ 750 milhões, divididos em R$ 365 milhões de execução de obras, R$ 350 milhões para redução em 30% da tarifa de todas as praças de pedágio que opera e R$ 35 milhões em multa.

Os pontos que receberão as obras foram escolhidos conforme levantamen­to realizado pelas polícias rodoviária­s Federal e Estadual, levando em consideraç­ão a segurança de motoristas e pedestres, o fluxo de veículos e a mobilidade. Alguns dos trechos têm alto índice de mortes por atropelame­nto. As obras devem ficar prontas até o fim do contrato com as concession­árias, em novembro de 2021.

Frequentem­ente são noticiadas operações policiais que apuram desvio de dinheiro, prisões, delações e acordos de leniência. Mas é importante que a sociedade conheça o desfecho desses casos e saiba onde será aplicado o dinheiro recuperado da corrupção, até mesmo para que o cidadão cumpra o papel de fiscalizar o uso dos recursos públicos.

Muitos defendem que o dinheiro da corrupção recuperado deve ser destinado a instituiçõ­es que combatem esse tipo de crime. Mas hoje, a situação financeira de muitos Estados pede atenção a áreas básicas, como saúde, educação e infraestru­tura. Dessa maneira é possível mudar a ideia de que no Brasil a corrupção é um crime que compensa.

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