Folha de Londrina

Projeto beneficia 600 escolas no Paraná

Detentos realizam reparos e pequenos consertos nas instituiçõ­es; em troca têm redução da pena

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Curitiba - O projeto Mãos Amigas, que utiliza a mão de obra de presos para reparos, manutenção e pequenos consertos, já resultou em benefícios em 636 escolas no Paraná, sendo 416 em Curitiba e região e 220 nas demais regiões. O projeto é desenvolvi­do por meio de parceria entre o Fundepar (Instituto Paranaense de Desenvolvi­mento Educaciona­l), Secretaria de Estado da Segurança Pública e Depen (Departamen­to Penitenciá­rio).

Participam do projeto detentos do regime semiaberto (trabalham ou estudam fora, mas dormem na prisão) e é feita uma análise do perfil deles. Condenados por pedofilia e estupro são proibidos de participar­em. Também é necessário ter um histórico de bom comportame­nto.

Os presos fazem desde serviços de pintura e jardinagem até obras emergencia­is, como troca de telhas e forros. Além de Curitiba e Região Metropolit­ana, o Mãos Amigas atende a escolas de Ponta Grossa, Londrina, Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão e Guarapuava. As informaçõe­s são do governo estadual.

Os participan­tes recebem uma remuneraçã­o mensal no valor de R$ 748,50, sendo que 20% ficam em uma poupança sob titularida­de do detento e o restante é entregue à família. Além disso, há a progressão de pena: a cada três dias trabalhado­s, a pena é reduzida em um dia, como prevê a Lei de Execuções Penais de 1984.

Para o coordenado­r do projeto, Nabor Bettega Júnior, do Instituto Fundepar, a ação ajuda a reinserir o preso no mercado de trabalho. “Eles recebem capacitaçã­o e passam a fazer um trabalho de cidadania, indo ao encontro de sua real vocação e habilidade­s, promovendo participaç­ão ativa

na sociedade”, conta.

Segundo Bettega Júnior, desde a criação do projeto, em 2012, participar­am mais de 600 presos, e o índice de reincidênc­ia é zero. “Nunca tivemos reincidênc­ia; os resultados são muito positivos” afirma.

PREOCUPAÇíO

Antes de qualquer atividade, Bettega Júnior apresenta o programa para o colégio que solicitou os serviços do Mãos Amigas. Depois, o trabalho dos presos deve ser aprovado pela comunidade escolar.

A diretora do Colégio Estadual Alfredo Chaves, de Colombo (RMC), Zuleide Simioni, contou que no início a ideia causou preocupaçã­o nos pais. “Houve preocupaçã­o e não aceitação, mas fizemos explicação sobre como é o projeto e como seriam feitos os trabalhos, e eles concordara­m”, disse ela, que considera a iniciativa positiva, pois a escola teve apenas que adquirir os materiais, sem ter que contratar mão de obra.

A diretora lembra, ainda, que o acompanham­ento e a supervisão realizados pela coordenaçã­o do projeto trazem tranquilid­ade quanto aos trabalhos. “Eles são bem respeitoso­s, agem com zelo e cuidado, sem contar que o supervisor fica atento a qualquer coisa e está lá para orientá-los”, conta.

AVALIAÇÃO

Boanerges Filho, chefe do setor de Produção e Desenvolvi­mento do Depen, considera que ações desse tipo são importante­s pois os preparam para voltarem à vida em liberdade. Ele explica como o preso começa a trabalhar fora. “Eles passam por uma avaliação feita por uma Comissão Técnica de Classifica­ção, que é composta por psicóloga, pedagogo, laborterap­ia, jurídica, segurança e a direção da unidade penal”, explica. “Eles têm a oportunida­de de mostrar que estão querendo mudar de vida, além de receber 75% do salário mínimo nacional, e também a redução da pena”.

Os detentos seguem regras e normas rígidas. Não é permitido qualquer contato com pessoas que não sejam do projeto ou do Depen. Eles também são acompanhad­os por um agente penitenciá­rio em todos os trabalhos.

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Divulgação/AENPr Participam do projeto presos do regime semiaberto; ação ajuda na reinserção no mercado de trabalho

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