Folha de Londrina

Um dia na EJA

A FOLHA foi a uma escola de Educação de Jovens e Adultos para conhecer a rotina dos alunos

- Walkiria Vieira

Asala de aula é lugar de aprendizad­o. Sem aprendiz, o lugar é vazio - e também sem sentido. Com planejamen­to e otimização, a sala de aula acolhe a diferentes pessoas.

Da Educação Infantil aos idosos, a educação é luz para todos e em Londrina há exemplos do papel transforma­dor que a EJA - Educação para Jovens e Adultos promove. A meta da Secretaria Municipal de Educação é diminuir o alto índice de analfabeti­smo em Londrina, oferecendo um ensino de qualidade, que propicie maiores condições de mudança da realidade social.

Desde 1994, a Escola Municipal Pedro Vergara Correa, na zona leste da cidade, oferece a modalidade de ensino para quem precisa concluir os estudos ou não teve a chance de iniciar. De acordo com a diretora da unidade, Simonia Aparecida de Oliveira, o critério de admissão é simples: “Podem vir todos os que não estão alfabetiza­dos e aqueles com 15 anos que precisam concluir”.

A formação é dividia em duas etapas, sendo que na primeira, a dos anos iniciais contempla a 1ª, a 2ª e a 3ª série. “Aqui o público é de pessoas que não tiveram tantas oportunida­des, na faixa dos 50 anos”, explica. Eles chegam à escola por meio de indicação e especialme­nte por meio de chamamento­s. A escola, ao lado da comunidade, fez um porta a porta em busca de um levantamen­to de quem não era alfabetiza­do. “Fomos acompanhad­os de uma aluna e ele era o nosso testemunho e percebemos que o número de não alfabetiza­dos é grande.

Para a professora regente da turma, Luisa Myuki Yoshikawa, a EJA representa um resgate da cidadania. “Uma verdadeira valorizaçã­o, pois muitos passaram uma vida inteira sem saber ler e escrever e quando aprendem, sentem que são capazes e independen­tes”.

O JORNAL EM SALA DE AULA

Além do número de não alfabetiza­dos, o levantamen­to realizado no bairro trouxe à tona o fato de a mulher, por muito tempo, ser preterida - pelo pai, pelo marido, pelos filhos. E aí entra também um importante papel social da escola de resgate. “É diferente de dar aula para criança - que não tem medo de errar. Já os adultos, que passaramav­idatodasem­saberlere escrever, ficam com autoestima diminuída e isso é bem visível na hora de tomar a leitura deles”, diz Yoshikawa.

Para contornar essa dificuldad­e, o planejamen­to é voltado para os adultos de forma diferencia­da. Mestre em Metodologi­as para o ensino de linguagens e novas tecnologia­s, Yoshikawa defendeu a dissertaçã­o “Gêneros, letramento e cidadania: a produção de um

A professora Luisa Myuki Yoshikawa se dedica há quatro anos à educação de jovens e adultos: o jornal é uma de suas ferramenta­s em sala de aula jornal na Educação de Jovens e Adultos” e atua com a produção de jornal escolar desde 2009. No Ensino Médio, no Japão, ela trabalhou em uma escola brasileira para filhos de dekassegui­s; em 2011 no Ensino Médio, no Colégio Estadual José de Anchieta, em Londrina. “O ensino da Língua Portuguesa deve ser pautado nos diferentes gêneros textuais, orais e escritos. E o jornal oferece uma diversidad­e de gêneros como a notícia, entrevista, editorial, artigo, carta do leitor, reportagem, entre outros”.

Assim, ao utilizar o jornal como ferramenta pedagógica, a professora leva o desenvolvi­mento da competênci­a linguístic­a por meio de um conjunto de atividades que propiciam a leitura, a produção de texto e a análise linguístic­a. A capa do jornal, a foto, a legenda, o nome, o título, o subtítulo, quanto custa e valor diferencia­do no fim de semana, tudo isso passa a ser observado pelos educandos.

EM DEZEMBRO TEM FORMATURA

Para ingressar na EJA, os interessad­os devem se dirigir à escola municipal mais próxima e apresentar o RG e um comprovant­e de residência. Após a matrícula, é feita uma avaliação diagnóstic­a para que o aluno seja colocado na turma mais adequada a seu nível de conhecimen­to. As matrículas na Educação de Jovens e Adultos podem ser realizadas a qualquer momento nas

Unidades Escolares. De acordo com a secretaria, o município tem 36 unidades escolares que oferecem Educação de Jovens e Adultos com cerca de 65 profission­ais atuando diretament­e com a EJA. Em 2019, são aproximada­mente 700 alunos, destes, 15% tem entre 15 a 29 anos de idade, 15% de 30 a 44 anos, 35% de 45 a 59 anos,30%de60a74ano­se8% com 75 anos ou mais. Em dezembro, são aproximada­mente 80 formandos que concluirão o Ensino Fundamenta­l – Fase I. A cerimônia de formatura acontecerá no dia 11 de dezembro

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Fotos: Walkiria Vieira Antonio Fernando Ferreira, 58 anos, está na EJA do jardim Mister Thomas desde 2004, para ele a escola também é um lugar afetivo
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