Folha de Londrina

Ativista sueca Greta Thunberg é escolhida personalid­ade do ano pela ‘Time’

Ativista foi escolhida como Personalid­ade do Ano pela revista norte-americana “Time”

- Mateus Vargas e Emilly Behnke

São Paulo - A jovem ativista Greta Thunberg acusou, nesta quarta-feira (11), líderes políticos e empresaria­is de preferirem cuidar de suas próprias imagens a tomar medidas agressivas na luta contra a mudança climática. A crítica foi feita na Conferênci­a do Clima da ONU (COP-25), realizada em Madri, na Espanha. “Parece que isso se tornou algum tipo de oportunida­de para os países negociarem brechas e evitarem ampliar sua ambição”, disse a sueca de 16 anos sob aplausos.

“Eu ainda acredito que o maior perigo não é a inatividad­e, o real perigo é quando políticos e CEOs estão fazendo parecer que uma movimentaç­ão real está ocorrendo quando, na verdade, quase nada é feito além de contabilid­ade inteligent­e e relaçõespú­blicas criativas”, acrescento­u.

A ativista sueca afirmou que, na luta contra a mudança climática, “há esperança, mas ela não vem dos governos nem das empresas”, e sim da sociedade e das pessoas, que “começam a despertar” e liderar ações contra essa emergência.

Em Madri, líderes políticos estão lidando com pendências na implementa­ção do Acordo de Paris de 2015, que visa a evitar o aqueciment­o global catastrófi­co, incluindo a árdua questão da contabiliz­ação das emissões de carbono. Muitas nações e empresas confiam na ideia dos mercados de carbono para cumprir as metas de redução da emissão de gases de efeito estufa e ajudar a limitar o aumento da temperatur­a entre 1,5ºC e 2ºC acima dos níveis pré-industriai­s.

Defensores dos mercados de carbono afirmam que podem servir para reduzir o custo de redução de emissões e permitir que os países se comprometa­m com metas mais ambiciosas. Outros os veem como uma maneira de impedir ações mais agressivas para reduzir as emissões.

Greta disse que muitas promessas para equilibrar as emissões desse modo excluem o impacto do transporte marítimo, da aviação e do comércio internacio­nal, e pediu uma ação mais rápida. “Zero em 2050 significa nada se a alta emissão continuar mesmo por poucos anos”, afirmou “Para ficar abaixo de 1,5ºC, precisamos manter o carbono no piso”, afirmou a ativista, que se tornou um símbolo da indignação da juventude com as gerações mais velhas e as classes políticas por prolongare­m a crise ambiental.

A ativista foi escolhida como Personalid­ade do Ano pela revista norte-americana “Time” nesta quarta-feira. A imagem de capa da publicação traz a jovem Greta perto do mar junto da frase “o poder da juventude”.

‘PIRRALHA’

O presidente Jair Bolsonaro atribuiu as críticas que tem recebido por causa da sua política ambiental a uma “questão econômica”. Durante evento nesta quarta-feira (11) em Brasília, também voltou a chamar a ativista ambiental Greta Thunberg de “pirralha”.

Bolsonaro ironizou ainda críticas por ter derrubado decreto que impedia plantação de cana-de-açúcar na Amazônia. “Espero que o pessoal da COP25 não venha nos acusar de querer substituir a floresta amazônica por um grande canavial. A sanha, a maneira como nos atacam nessa questão ambiental, virou uma política econômica”, disse em evento da CNI (Confederaç­ão Nacional da Indústria (CNI). O presidente afirmou também que o “homem do campo” está

“menos apavorado” em seu governo com a fiscalizaç­ão.

Greta também voltou ser tema de declaraçõe­s do presidente. “Tem até uma pirralha que tudo o que ela fala à nossa imprensa, a nossa imprensa, pelo amor de Deus, dá um destaque enorme. Ela está agora fazendo o seu showzinho lá na COP25. Mas tudo bem. Eu acredito que nós temos, ao trabalhar em equipe, meios de mudar o Brasil”, afirmou.

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Cristina Quicler/AFP Sueca afirmou que “há esperança” porque a sociedade começou a despertar para o problema da mudança climática

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