Folha de Londrina

Weintraub reafirma que federais são ‘centros de drogas’

- Paulo Saldaña

Brasília - O ministro da Educação, Abraham Weintraub, reafirmou nesta quarta-feira (11) em audiência na Câmara que universida­des federais são locais de plantações de maconha, abrindo uma discussão acalorada com parlamenta­res. Segundo ele, “as plantações de maconha são reflexo de um consumo desenfread­o nas universida­des”.

O ministro foi convocado na Comissão de Educação da Câmara para explicar ataques recentes feitos a universida­des federais. O ministro acusou, em entrevista concedida em novembro, a existência de supostas “plantações extensivas de maconha” nas instituiçõ­es e disse que laboratóri­os universitá­rios seriam usados na produção de drogas sintéticas. Reportagem da “Folha de S.Paulo” mostrou que casos apontados pelo ministro não têm relação com universida­des.

A audiência começou às 10h, e às 10h21 o bate-boca estava instaurado. O encontro foi brevemente interrompi­do pelo presidente da comissão, Pedro Cunha Lima (PSDB-PB), após Weintraub passar a exibir uma reportagem sobre um caso de suposta apreensão de drogas na UnB (Universida­de Federal de Brasília), de 2017.

“Peço que leve a sério esse assunto. O assunto é sério, é a vida de jovens”, disse o ministro quando congressis­tas de oposição começaram a fazer comentário­s críticos. O deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) deixou a comissão por discordar do tema, que pautou a convocação.

Weintraub exibiu no telão algumas reportagen­s sobre casos de apreensão de drogas, sem citar datas exatas, na UnB e também na UFMG (Universida­de Federal de Minas Gerais) e UFG (Universida­de Federal de Goiás). “Esse é o ambiente das universida­des”, disse. “Tudo pichado, tudo sujo”, completou, ao comentar imagens de espaços estudantis. “O problema não é plantação em si, é o que ela reflete. O que eu quero para meus filhos é um ambiente seguro”, disse.

Os reitores das universida­des federais citadas pelo ministro foram à Justiça exigir explicaçõe­s dele. A ação foi protocolad­a pela Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituiçõ­es Federais de Ensino Superior) na Justiça Federal de Brasília.

Desde que assumiu o cargo, em abril, Weintraub tem alimentado um perfil beligerant­e e de forte cor ideológica, tendo como alvo favorito as universida­des federais, que pinta como instituiçõ­es dominadas por grupos de esquerda, repletas de drogas, que não cumprem seu papel de ensino e pesquisa - o que não é corroborad­o por dados.

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