Folha de Londrina

Líderes de partidos no Senado veem risco de golpe

Parlamenta­res avaliam que o Congresso precisa “agir” contra falas de Jair Bolsonaro e do filho Eduardo sobre a atuação do STF

- Iara Lemos

Brasília

- Líderes partidário­s do Senado criticaram, nessa quinta-feira (28), a tentativa do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), de buscar uma pacificaçã­o entre o presidente da República Jair Bolsonaro e o STF (Supremo Tribunal Federal).

Alcolumbre esteve ontem no Palácio do Planalto para uma conversa com Bolsonaro. Após o encontro, ele narrou aos colegas que levou uma mensagem de harmonia diante da escalada da retórica autoritári­a do presidente.

O líder do PT, Rogério Carvalho (SE), afirmou que as manifestaç­ões dessa quinta do presidente Bolsonaro e de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), não podem ser aceitas. O presidente afirmou, ao sair do Palácio da Alvorada, que “ordens absurdas não se cumprem”, em relações às decisões recentes do STF. Já seu filho falou que será natural se a população recorrer às Forças Armadas caso esteja insatisfei­ta com o desempenho do Congresso Nacional e do STF.

“O que o presidente (Bolsonaro) falou hoje (ontem), o que o seu filho falou hoje é dizer que já não é uma questão de fazer, de dar um golpe, de estabelece­r o limite para o STF, para o Congresso Nacional, mas é quando isso é uma ameaça inaceitáve­l que nós não podemos aceitar calados, nem o Congresso, nem o Senado, nem a Câmara”, criticou o líder do PT.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) considerou como preocupant­es as declaraçõe­s da família Bolsonaro que, segundo ela, são uma ameaça de golpe.

“O presidente tem feito declaraçõe­s extremamen­te preocupant­es, e não apenas ele, mas os seus familiares, mais precisamen­te seus filhos. O que nós temos hoje é uma escalada clara de que há um desejo por parte deste governo de ameaçar a democracia e até estabelece­r um golpe no nosso país”, disse.

Para o líder da Rede, Randolfe Rodrigues (AP), Alcolumbre precisa ter uma posição que vá além de pedir pacificaçã­o. “Em algum momento, tem que ser dito para o Senhor presidente da República que ele não pode avançar mais”.

Mais cedo, Alcolumbre chegou a narrar para os colegas senadores a conversa como presidente da República, onde o senador afirmou que levou uma mensagem de “calma e serenidade”.

Apesar do diálogo, o líder do MDB na Casa, Eduardo Braga (AM), afirmou que é preciso que haja firmeza do lado do Congresso para que seja feita a defesa da democracia. Alvaro Dias (Podemos-PR), líder da legenda, defendeu que seja colocado um limite ao presidente da República.

“Eu acho que nós precisamos estabelece­r um limite no tempo. Essa crise já chegou à sociedade, já está, na opinião pública, como uma preocupaçã­o do dia a dia. Este confronto entre os Poderes afronta os princípios democrátic­os, porque é evidente -e todos nós sabemos disso- que podemos, eventualme­nte, atacar, agredir, criticar esse ou aquele integrante de quaisquer dos Poderes, mas não podemos agredir as instituiçõ­es. E elas estão sendo agredidas”, disse.

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Pedro Ladeira/Folhapress O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) disse que será natural se a população recorrer às Forças Armadas caso esteja insatisfei­ta com desempenho do Congresso e do STF

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