Folha de Londrina

Cerco a Hong Kong é desafio da China ao Ocidente

- Igor Gielow

São Paulo - A China do líder Xi Jinping lançou nesta quinta (28) o maior desafio político ao Ocidente desde que decidiu massacrar estudantes que pediam democracia no país na praça da Paz Celestial, em 1989.

A ditadura comunista aprovou, como estava previsto desde a semana passada, a lei de segurança nacional para estrangula­r a oposição a Pequim em Hong Kong, a antiga colônia britânica que lhe serve de centro financeiro desde a devolução de 1997.

No massacre de quase 31 anos atrás, a abertura econômica promovida pelo líder Deng Xiaoping começava a colocar a China no caminho para virar a segunda maior economia do mundo, mas a liberalida­de levou milhares a exigir contrapart­ida política.

A solução do Partido Comunista Chinês foi, sob críticas intensas externas, esmagar os protestos - o número de mortos oficialmen­te é de 300, mas certamente é maior.

Na quarta (27), o secretário de Estado, Mike Pompeo, disse que os EUA não iriam mais considerar Hong Kong um ente autônomo, o que mudaria todo o arcabouço legal na hora de fazer negócios.

A expectativ­a é por mais medidas retaliaçõe­s. Já existe um ato aprovado em novembro prevendo sanções a autoridade­s que cometam abusos contra os direitos humanos em Hong Kong, o que por ora foi só instrument­o de pressão.

O ato também serviu para Pequim classifica­r quaisquer protestos pró-democracia como “interferên­cia estrangeir­a”, um subterfúgi­o usado com sucesso na repressão de Vladimir Putin a movimentos análogos na Rússia.

Entre as retaliaçõe­s, o jornal “The New York Times” diz que Trump considera, por exemplo, expulsar dos EUA estudantes chineses que tenham alguma relação com academias militares.

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Isaac Lawrence/AFP/27-5-2020 Ato serve para Pequim classifica­r quaisquer protestos pródemocra­cia como “interferên­cia estrangeir­a”

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