Folha de Londrina

Governo Bolsonaro quer modelo Trump de regras para redes sociais

Segundo o Planalto, a ideia é editar normas nos moldes do ato publicado pelo presidente dos Estados Unidos

- Julia Chaib

Auxiliares do presidente Jair Bolsonaro dizem que o governo estuda editar normas nos moldes do ato publicado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nessa quinta-feira (28), equivalent­e a um decreto no Brasil, que reduz proteções legais de empresas de tecnologia, como Twitter,

Google e Facebook.

O assessor especial da Presidênci­a da República para assuntos internacio­nais, Filipe Martins, afirmou em mensagem nas redes sociais que o ato assinado por Trump é uma “medida executiva contra a censura nas redes sociais” e por isso é “tão importante”.

“O governo brasileiro está estudando essa medida e buscará implementa­r, pelas vias cabíveis, normas similares para garantir a liberdade nas redes”, escreveu Martins na noite de quinta.

A medida é defendida por integrante­s do governo e parlamenta­res da ala considerad­a ideológica. Nesta semana, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, também compartilh­ou nas suas redes sociais a notícia sobre o ato de Trump e escreveu: “inspiração para o Brasil”.

De acordo com integrante­s do governo, na reunião ministeria­l de quarta (27), Bolsonaro mencionou que o presidente norte-americano estudava alterar regras sobre as empresas de mídias sociais e que os ministros deveriam observar o desenrolar do processo nos EUA para que servisse de molde para o Brasil.

A medida assinada por Trump altera a Seção 230 da Lei de Decência nas Comunicaçõ­es, que oferece às empresas imunidade sobre o conteúdo veiculado por seus usuários e as protege de ações judiciais. Essa norma dá o poder de moderação às empresas e estipula que elas não são responsáve­is por comentário­s que as pessoas publicam em suas plataforma­s.

O decreto desta quinta instrui o Departamen­to de Comércio a solicitar à FCC (Comissão Federal de Comunicaçõ­es) que estabeleça um processo de elaboração de regras para esclarecer o escopo da Seção 230.

Também possibilit­a a criação de uma ferramenta para que usuários registrem conteúdos que julguem ter sido censurados por viés político nas plataforma­s. De acordo com o jornal The Wall Street Journal, especialis­tas dizem que a FCC não tem autoridade legal para fazer cumprir a Seção 230. Ajit Pai, que preside a comissão, disse que ela “analisará cuidadosam­ente qualquer petição por regulament­ação apresentad­a pelo Departamen­to de Comércio”.

“Estamos aqui hoje para defender a liberdade de expressão de um dos maiores perigos”, disse Trump a repórteres antes de assinar o documento, de acordo com a imprensa americana. Na quarta-feira, o presidente norte-americano havia ameaçado regulament­ar ou fechar as companhias de mídia social por supostamen­te sufocarem as vozes conservado­ras.

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Pedro Ladeira/folhapress A medida é defendida por integrante­s do governo e parlamenta­res da ala considerad­a ideológica
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