Folha de Londrina

Weintraub fica em silêncio ao depor à PF sobre insulto ao STF

Jornalista e escritor Gilberto Dimenstein morre de câncer aos 63 anos Governo chegou a apresentar habeas corpus para evitar interrogat­ório após ministro defender em reunião que deveriam ser presos “os vagabundos” da Corte Suprema

- Carolina Linhares Matheus Teixeira

São Paulo

- O jornalista Gilberto Dimenstein morreu nessa sexta-feira (29), aos 63 anos, vítima de um câncer de pâncreas, com metástase no fígado. Dimenstein morreu por volta das 9h, em casa, dormindo.

Criador do site Catraca Livre, Dimenstein foi jornalista premiado e escreveu na Folha de S.paulo por 28 anos, de 1985 a 2013 - foi diretor da sucursal em Brasília, correspond­ente em Nova York, colunista e membro do conselho editorial de 1992 a 2013.

Também passou pela CBN, Jornal do Brasil, O Globo, Correio Braziliens­e, Última Hora, Veja e Revista Visão antes de se dedicar ao jornalismo de causas sociais.

Durante o tratamento contra o câncer Dimenstein definiu a clareza maior da morte como “uma dádiva”. “Não é o fim, mas um começo”, disse em relato à Folha sobre o diagnóstic­o da doença, recebido no ano passado.

No transcorre­r do tratamento contra o câncer Dimenstein definiu a clareza maior da morte como “uma dádiva”. “Não é o fim, mas um começo”, disse em relato à Folha sobre o diagnóstic­o da doença, recebido no ano passado.

O texto com a visão otimista sobre a doença e a nova forma de viver a vida viralizou. Dimenstein desceu do trem de alta velocidade de onde via uma linda paisagem borrada para escutar bem-te-vis e curtir o neto, que segundo ele enchia a casa de alegria.

Brasília

- O ministro da Educação, Abraham Weintraub, ficou em silêncio em depoimento à Polícia Federal nessa sexta-feira (29) para esclarecer afirmação feita em reunião ministeria­l de que, por ele, botaria “esses vagabundos todos na cadeia, começando pelo STF”.

O governo chegou a apresentar um habeas corpus ao STF (Supremo Tribunal Federal) para evitar o interrogat­ório, mas, diante da falta de resposta ao recurso, Weintraub atendeu à determinaç­ão do ministro Alexandre de Moraes e recebeu integrante­s da PF no Ministério da Educação.

Weintraub, porém, citou o direito constituci­onal de não autoincrim­inação e se manteve calado durante a oitiva.

Pouco antes de protocolar o habeas corpus, o presidente Jair Bolsonaro chegou a afirmar que ordens absurdas não deveriam ser cumpridas, sem mencionar especifica­mente nenhum caso.

A determinaç­ão para que o ministro fosse ouvido partiu do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que apura a propagação em massa de notícias falsas e ameaças aos magistrado­s da corte.

A decisão de Moraes ocorreu após o vídeo da reunião ministeria­l de 22 de abril ser divulgada pelo ministro Celso de Mello. No encontro, Weintraub diz ter ojeriza de Brasília, em referência às negociaçõe­s políticas, e fez fortes críticas ao Supremo.

“Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”, afirmou.

Ao determinar a oitiva de Weintraub, Moraes afirmou que há indícios de que o responsáve­l pelas políticas educaciona­is do governo federal cometeu seis crimes que preveem até 20 anos e 4 meses de prisão. Segundo Moraes, o titular da Educação pode ser enquadrado por difamação e injúria, previstos no Código Penal, e por outros quatro crimes tipificado­s na lei que define os crimes contra a segurança nacional e a ordem política e social.

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