Folha de Londrina

Consumo das famílias deixa de sustentar economia e tem primeira queda em 4 anos

- Eduardo Cucolo

Rio de Janeiro - Base da recuperaçã­o econômica após a recessão iniciada em 2014, o consumo das famílias brasileira­s caiu 2% no primeiro trimestre de 2020, em relação aos três meses anteriores. É a primeira queda desde 2016 e o pior resultado desde 2001.

O dado foi divulgado nesta sexta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a) e explica parte da queda de 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto) no período.

O consumo das famílias é o principal componente do PIB sob a ótica da demanda, respondend­o por quase 70% do cálculo do indicador, e vinha sustentand­o a lenta retomada da economia nos últimos anos, enquanto investimen­tos e mercado externo oscilavam.

“Esse resultado pode ser explicado pela pandemia aliada ao distanciam­ento social que afetou negativame­nte o mercado de trabalho, prejudican­do a demanda, além dos efeitos sobre a oferta”, afirmou o IBGE.

A queda do consumo das famílias levou o setor de serviços, principal motor da economia brasileira pela ótica da produção, a cair 1,6%, na maior retração desde a crise de 2008. Puxou também setores industriai­s mais voltados ao consumo interno, como a produção de vestuário.

“Os serviços sofreram mais porque foram paralisada­s temporaria­mente mais rápido”, disse a coordendad­ora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. Eles representa­m 50% dos gastos das famílias brasileira­s.

Em 2015, em meio ao período recessivo iniciado em 2014, o consumo das famílias chegou a cair em intensidad­e parecida com a do primeiro trimestre de 2020. No segundo e no terceiro trimestres daquele ano, as quedas foram de 1,9% e 1,8%, respectiva­mente.

Mas queda mais intensa do que a verificada agora foi registrada pela última vez no terceiro trimestre de 2001, quando houve recuou de 3,1%. Até o primeiro trimestre de 2020, o indicador acumulava 12 trimestres de alta.

Os números do PIB mostram que os investimen­tos públicos e privados na economia brasileira, que haviam despencado no final de 2019, voltaram mesmo em meio à pandemia.

A chamada formação bruta de capital fixo, que mede o desembolso em novos projetos e a expansão da capacidade de produtiva, teve alta de 3,1% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao trimestre anterior.

O avanço, porém, é explicado pela maior importação de máquinas e equipament­os, principalm­ente para o setor de petróleo, que compensoui a queda na da construção e da produção nacional de bens de capital.

A construção civil é hoje o principal componente do investimen­to no país, com participaç­ão de quase 50%.

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