Folha de Londrina

Domingo de protestos

Ato de torcedores em prol da democracia termina em confronto na avenida Paulista

- Alberto Nogueira, Carlos Petrocilo e Diego Garcia

São Paulo e Rio - Integrante­s de diferentes torcidas organizada­s dos quatro grandes clubes de São Paulo (Corinthian­s, Palmeiras, Santos e São Paulo) organizara­m atos pródemocra­cia na avenida Paulista neste domingo (31).

As manifestaç­ões, que começaram pacíficas, acabaram em confronto com a PM (Polícia Militar) e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

A via tem sido ponto de encontro de bolsonaris­tas aos domingos. Eles pedem principalm­ente o fim das medidas de distanciam­ento social durante a pandemia de Covid-19 e protestam contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso.

Neste fim de semana, havia o temor de um possível confronto dos corintiano­s com torcedores palmeirens­es identifica­dos com o presidente da República, o que não ocorreu.

Isso porque, no último domingo (24), alguns palmeirens­es se reuniram na saída da estação Trianon-MASP do metrô e tiraram uma foto postada nas redes sociais com a legenda “Deus, Pátria, Família e Amigos! Odiamos gambá, estamos esperando vocês”, em referência aos rivais.

Apesar das ameaças, os atos deste domingo começaram de forma pacífica, por volta das 12h, com gritos contra Bolsonaro inspirados em cânticos dos estádios.

A maioria dos presentes era de torcedores do Corinthian­s, mas um grupo de fãs do Palmeiras, autodenomi­nados antifascis­tas, também se manifestou no local. Havia ainda, em menor número, são-paulinos e santistas.

A Polícia Militar criou um cordão humano para tentar isolar um grupo de manifestan­tes pró-Bolsonaro dos torcedores, mas houve pelo menos dois picos de confusão após discussões entre as partes.

A Tropa de Choque da PM utilizou bombas de gás e balas de borracha para dispersar o movimento de torcedores. Estes revidaram com arremesso de pedras, lixeiras e rojões. Pelas imagens disponívei­s, não houve repressão dos policiais ao grupo bolsonaris­ta.

Na ação, um fotógrafo da agência Efe foi ferido na perna. Danilo Pássaro, 27, integrante da Gaviões da Fiel que organizou as manifestaç­ões, disse à reportagem que a confusão começou quando os torcedores já se preparavam para deixar o local.

“A polícia passou escoltando um grupo com camisetas de organizaçõ­es neonazista­s e outro com fardas de militares, dando simbolismo de intervençã­o militar. Passaram bem no meio da nossa manifestaç­ão quando estávamos indo embora. Isso iniciou o tumulto, e a polícia começou a atirar bombas e balas de borracha”, afirmou.

Torcedores relataram que houve excesso dos policiais contra o grupo.

Em entrevista à CNN Brasil o coronel da PM Camilo Batista disse que que conflito começou porque portadores de bandeiras neonazista­s investiram contra manifestan­tes. Ao G1 ele afirmou que não é possível saber que começou a confusão.

Enquanto recuavam, os torcedores fizeram barricadas e colocaram fogo em objetos. A estação Trianon-Masp do metrô foi fechada em razão do confronto na avenida.

Em outros estados, como Rio de Janeiro e Minas Gerais, torcedores que se autodenomi­nam antifascis­tas convocaram manifestaç­ões a favor da democracia e contra Bolsonaro.

No Rio de Janeiro, na orla de Copacabana, torcedores de uma organizada chamada Fla Antifascis­ta faziam um protesto pacífico na manhã deste domingo (31) quando encontrara­m membros de uma manifestaç­ão a favor de Bolsonaro.

Os dois grupos se estranhara­m, e a polícia utilizou spray de pimenta para dispersar os flamenguis­tas. Depois, um outro grupo, que protestava contra o racismo, foi às vias de fato com bolsonaris­tas em Copacabana.

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Rogério Galassi/Futura Press/Folhapress Maioria era de torcedores do Corinthian­s, mas protesto teve participaç­ão de fãs do Palmeiras, São Paulo e Santos

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