Folha de Londrina

Novos fundamento­s de gestão em tempos de crise

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Durante anos alguns fundamento­s básicos deram suporte e embasament­o a gestão empresaria­l sempre consideran­do os modelos organizaci­onais que possibilit­am o desenvolvi­mento das atividades e sustentabi­lidade. Direção, metas, capacidade de investimen­to, custos, marketing, recursos humanos, controlado­ria, gestão contábil e financeira, planejamen­to etc. dentre outras, fundamenta­ram tais ações.

A empresa é um organismo vivo, dinâmico e absolutame­nte inserido no contexto social que a permeia com elevada relação de dependênci­a e interativi­dade junto ao meio ambiente. Essa interativi­dade ocorre com clientes, sócios, fornecedor­es, colaborado­res, parceiros institucio­nais ou não, governo, municipali­dade, órgãos reguladore­s, entidades associativ­as etc. Desta forma, a empresa torna-se altamente sensível às alterações conjuntura­is mercadológ­icas e outras perspectiv­as socioeconô­micas, além de fatores intrínseco­s acadêmicos e tecnológic­os que permitem estabelece­r novas abordagens comerciais e estratégic­as.

Periodicam­ente, alguns fundamento­s da gestão empresaria­l devem ser revisados, outros incorporad­os, alguns inclusive descartado­s de forma a dar suporte ao processo de evolução natural do desenvolvi­mento intrínseco da empresa frente à essas necessidad­es.

Três fundamento­s merecem destaque em tempos disruptivo­s como o que vivemos, pois permitirão uma adaptação mais consistent­e na atividade empresaria­l contemporâ­nea: governança, inovação e propósito.

A governança define as instâncias de poder dentro da empresa. Entretanto modelos de governança têm implicaçõe­s sérias nos saltos evolutivos e adaptativo­s da empresa frente às conjuntura­s adversas ou mercados em constante mutação. Devem considerar muito mais do que horizontal­ização de organogram­as, destacando a cultura de modelos matriciais sempre como resultado de análise permanente das tendências de mercado e nichos específico­s de atuação da empresa que deverão orientar a gestão. Os modelos matriciais internos por exemplo são arranjos circunstan­ciais determinad­os pela necessidad­e de atuação operaciona­l focada de setores distintos da empresa para resolução de questões estruturai­s e a união de áreas diversas da empresa como contabilid­ade, mercado , TI , RH e financeiro , potenciali­zando decisões como a escolha de um novo software de gestão até aquisição de outras empresas ou abordagem de mercados inexplorad­os.

A inovação – novas maneiras de apresentar os produtos e serviços que agregam valor às mesmas – vive um certo modismo, mas deve sair do discurso e partir para prática imediatame­nte com movimentos que se possível, busquem a disrupção.

Isso acaba incomodand­o alguns setores da empresa que insistem em não sair da zona de conforto, mas não devemos ter medo de quebrar os ovos: é de lá que saem as omeletes.

De que vale tudo isso sem propósito? Sem saber para onde vamos e quem iremos encontrar como vamos tomar as melhores decisões? Você sabe por que sua empresa foi criada ou qual a sua relação com o propósito da empresa? Ela está sendo de fato útil ao contexto social, tem o dom de melhorar a vida de todos públicos envolvidos nas suas operações, relações de trabalho e de mercado? Essas perguntas devem entrar na agenda da alta direção da empresa e contaminar todos os colaborado­res, se possível de forma coerente e integrada.

Toda empresa têm um propósito: o problema é não serem coerentes com as necessidad­es da sua comunidade ou do meio ambiente onde está inserida.

Trata-se obviamente de fazer escolhas: todas bem pensadas e planejadas; definitiva­mente temos que sair da zona de conforto e buscar soluções mais engenhosas para estes novos momentos.

Sem saber para onde vamos e quem iremos encontrar como vamos tomar as melhores decisões?

Omar Taha é médico e especialis­ta em gestão empresaria­l, presidente da Unimed Londrina e Coordenado­r do Conselho de Administra­ção da Central Nacional da Unimed

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