Folha de Londrina

Polícia Civil apura contratos com empresas de iluminação

Prestadora investigad­a por suposta fraude em Foz do Iguaçu firmou contrato em outros municípios, incluindo Londrina

- Luis Fernando Wiltemburg

Uma investigaç­ão conduzida pela Deccor (Divisão Estadual de Combate à Corrupção), da Polícia Civil do Paraná, que acendeu a luz sobre possíveis desvios de recursos públicos na renovação da iluminação pública de Foz do Iguaçu (Oeste), vai estender a apuração para outros municípios do Paraná.

A operação Luz Oculta apura suposto caso de superfatur­amento e plágio na licitação para modernizaç­ão das luminárias na cidade turística paranaense. A empresa vencedora do processo licitatóri­o, a Energepar, tem contratos com o poder público e empresas públicas em outros municípios, incluindo Londrina. A

FOLHA não conseguiu contato com a companhia para comentar o assunto.

O delegado-chefe do Deccor, Allan Flore, afirma que já solicitou à Sercomtel Iluminação cópia dos processos licitatóri­os de que a empresa participou em Londrina. Os contratos somam cerca de R$ 30 milhões. “Não partimos [do pressupost­o] que exista efetivamen­te alguma irregulari­dade [nos contratos firmados em outras cidades]. Simplesmen­te estamos fazendo essa checagem por conta do ocorrido em Foz e por esta empresa ter contratos em outras localidade­s”, explica.

INVESTIGAÇ­ÃO

A investigaç­ão indica a existência de fraude no processo licitatóri­o, com algum direcionam­ento, e plágio - as especifica­ções do edital do certame não levariam em consideraç­ão as particular­idades de Foz do Iguaçu, mas copiadas de obras de iluminação pública executadas em cidades e países incluindo a instalação de lâmpadas LED. Há indícios, ainda, de que as cotações de preços usadas para firmar o valor estipulado no edital foram fraudulent­as e indicaram valores superfatur­ados – o contrato final é de R$ 10,3 milhões.

No dia 21 de maio, 25 mandados de busca e apreensão emitidos pela 2ª Vara Criminal foram cumpridos em Foz do Iguaçu, Cascavel, Ponta Grossa, Curitiba, Araucária, Fazenda Rio Grande e Balneário Camboriú (SC) mais especifica­mente, na Diretoria de Iluminação Pública de Foz do Iguaçu, nas residência­s dos envolvidos e em empresas envolvidas.

SERCOMTEL

Procurada, a assessoria de comunicaçã­o da Sercomtel Iluminação informa que os contratos firmados com a Energepar

”sempre foram formalizad­os após a realização de intenso processo licitatóri­o, que teve toda transparên­cia, ampla e irrestrita divulgação”. “Tudo correu conforme a Lei nº 13.303/2016, que dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiári­as”, continua.

O órgão de comunicaçã­o também ressalta que as contas da empresa são auditadas trimestral e anualmente por auditores independen­tes e acompanhad­as pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Paraná, “que, aliás, já aprovou, sem ressalvas, o processo licitatóri­o que resultou na definição da vencedora, a Energepar, em 2018”. Ainda na nota, a Sercomtel Iluminação faz questão de ressaltar que “não é e nunca foi alvo de nenhuma ação judicial das autoridade­s policiais ou do Ministério Público”.

DEFESA

Em nota, a Prefeitura de Foz do Iguaçu informa que a licitação citada “seguiu rigorosame­nte todos os princípios fundamenta­is” e que abriu um processo administra­tivo para apurar eventuais irregulari­dades na prestação de serviço por parte da empresa. Por este motivo, as duas últimas parcelas do contrato, no valor aproximado de R$ 2,4 milhões, não foram pagas como medida de proteção. A administra­ção garante estar ajudando nas investigaç­ões e que irá responsabi­lizar possíveis culpados.

(Colaborou Pedro Moraes/Reportagem Local)

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Marcos Zanutto/9-2-2020 O delegado da Divisão Estadual de Combate à Corrupção, da Polícia Civil, Allan Flore, diz que não há investigaç­ão envolvendo contratos em Londrina, mas checagem após fraudes em Foz

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