Democracia sem adjetivos
Se dois grupos que pregam a democracia se enfrentam em batalha campal na Avenida Paulista temos que saber que um deles está mentindo ou, quem sabe, os dois. Volta e meia estamos às voltas com conceituações estranhas à democracia. Já tivemos as democracias populares, que não eram uma coisa e nem outra porque assentadas em ordenamentos policiais, e no momento o divisor de águas se fixa no uso das redes sociais como forma de expressão, ainda que voltada para o direito de caluniar, difamar ou injuriar, questões capituladas como crime. O apuro das fake news e sua importância no processo eleitoral e político dominam a cena aqui e nos EUA. Teme-se que regulá-la acabe em opressão e censura e dado o radicalismo dominante há quem negue o papel que tribunais como o TSE e o STF desempenham na busca de consenso sobre a questão.
Democracia se ajusta à sua essência quando dispensa adjetivos como social, popular, cristã ou trabalhista, afinal com comprometimentos em rótulo, tentando beneficiar uma concepção que beneficia um segmento específico e tenta engajá-la, ideologicamente falando. Pena que o debate se dá em batalha campal e não em troca de ideias, onde se percebe ingenuidade em quem carrega a Constituição como arma, enquanto o adversário se vale de uma de fogo ou um porrete.