Folha de Londrina

Brasil se aproxima de 30 mil óbitos por coronavíru­s

Quantidade de confirmaçõ­es da doença no País chegou a 526.447

- Natália Cancian

Brasília

- O Brasil registrou 623 novas mortes por Covid-19 no boletim divulgado pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira (1º). O total de óbitos desde o início da pandemia, há pouco mais de três meses, é de 29.937. O País também registrou 12.247 novos casos confirmado­s. O total é de 526.447.

Técnicos do Ministério da Saúde, porém, alertam que o número real de casos no Brasil tende a ser maior. Entre os motivos, estão subnotific­ação devido à baixa oferta de testes e ocorrência de casos suspeitos ainda em análise.

Análises feitas pelo Ministério da Saúde têm apontado que o País segue em tendência de aumento de casos e mortes, sem que haja sinais de desacelera­ção. Também já vive um processo de interioriz­ação da epidemia, com cresciment­o no número de municípios com casos da doença, segundo a pasta.

Dados compilados pela Universida­de John Hopkins, no EUA, apontam que o Brasil é hoje o segundo país em número de registros da Covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos, que soma quase 1,8 milhão de casos. Em número de mortes, o Brasil ocupa a quarta posição no ranking, atrás de EUA, Reino Unido e Itália.

O pior da pandemia ainda não chegou para o Brasil, afirmou nesta segunda (1ª) o diretor-executivo da OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde), Michael Ryan. Segundo ele, o Brasil - entre outros países da América Central e do Sul - está entre os que têm registrado os maiores aumentos diários de casos da doença, com transmissã­o ainda fora de controle.

“Claramente a situação em alguns países sul-americanos está longe da estabilida­de. Houve um cresciment­o rápido dos casos e os sistemas de saúde estão sob pressão”, disse Ryan. Segundo ele, o pico do contágio ainda não chegou, “e no momento não é possível prever quando chegará”.

O diretor-executivo da OMS afirmou ainda que a densidade urbana e o grande número de pessoas mais pobres na cidade são fatores que dificultam o risco da doença, mas que políticas públicas implantada­s no sul da Ásia e na África conseguira­m estabiliza­r a gravidade da doença, enquanto no Brasil e em outros países latino-americanos ela ainda cresce com velocidade progressiv­a e ameaça os sistemas de saúde.

Segundo ele, nas Américas, “houve respostas diferentes entre os países, e há bons exemplos de governos que adotaram abordagens científica­s, enquanto em outros países vemos uma ausência ou uma fraqueza nisso”. “O que precisamos agora é mostrar nossa solidaried­ade e trabalhar com esses países para que eles consigam controlar a epidemia”, disse Ryan.

Os especialis­tas da OMS voltaram a dizer que decisões de desconfina­mento devem ser acompanhad­as de um sistema para testar casos suspeitos, rastrear contatos, tratar doentes e isolar os que possam ter o coronavíru­s para impedir que contagiem outras pessoas.

FAVELAS

O Ministério da Saúde publicou nesta segunda-feira uma portaria que cria centros comunitári­os de referência para identifica­ção precoce de casos de Covid-19 em favelas. A medida ocorre cerca de três meses após a confirmaçã­o da chegada da doença no país e em meio a críticas de atrasos do governo para adotar ações específica­s.

Segundo a portaria, a decisão pela criação dos centros ficará a cargo dos municípios. A ideia é que esses espaços ajudem na identifica­ção precoce de casos, no acompanham­ento de pacientes e no encaminham­ento de casos graves para rede de saúde.

Cada centro deve funcionar por 40 horas semanais, no mínimo. Já a equipe deve ser formada por médico, enfermeiro e técnico de enfermagem. O valor a ser pago aos municípios será de R$ 60 mil a R$ 80 mil por mês, conforme o tamanho da população a ser atendida, que deve ser de no mínimo 4.000 pessoas.

Para criação dos espaços, prefeitura­s podem adaptar unidades de saúde, equipament­os sociais ou outros pontos de apoio, desde que tenham estrutura mínima de saúde. Em nota, o ministério diz que essas estruturas devem atuar de forma complement­ar à rede de atenção básica.

Além da criação dos centros em favelas, o Ministério da Saúde publicou uma segunda portaria que institui centros de atendiment­o de casos de Covid-19.

A ideia é que essas estruturas tenham consultóri­o, sala de acolhiment­o, área de isolamento e espaço para coleta de exames de pessoas com sintomas. O valor mensal vai de R$ 60 mil a R$ 100 mil, também conforme o tamanho da população atendida.

Ambas as medidas, considerad­as como temporária­s, foram propostas ao ministério pelo Conasems, conselho que representa secretário­s municipais de saúde.

“Claramente a situação em alguns países sul-americanos está longe da estabilida­de”

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Tarso Sarraf/AFP Número de casos não leva em conta subnotific­ação por conta da baixa oferta de testes

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