Folha de Londrina

Por que torcidas organizada­s paulistas realizaram ato pró-democracia

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São Paulo - Torcedores de diversos grupos organizado­s dos quatro grandes clubes paulistas - Corinthian­s, Palmeiras, Santos e São Paulo ocuparam parte da avenida Paulista no domingo (31).

Membros de torcidas mais conhecidas e braços antifascis­tas delas se uniram em marcha pela defesa da democracia. Estima-se que havia entre 2.000 e 4.000 pessoas no movimento.

O ato reuniu membros da Gaviões da Fiel, Mancha Alviverde, Independen­te, Torcida Jovem do Santos, Palmeiras Antifascis­ta, Democracia Corintiana, Porcomunas, além de outros grupos.

A manifestaç­ão, que levantava bandeiras democrátic­as e também assimilou pautas contra o governo federal, terminou por volta das 14h, quando a Polícia Militar de São Paulo disparou bombas de efeito moral e balas de borracha.

“A gente nota na torcida que a paciência esgotou. Causa revolta ver o presidente falar de gripezinha e de cloroquina. Não é uma posição oficial da Gaviões, mas grande parte da torcida está revoltada. Foram 12 sócios mortos por Covid-19... Não é só com nota oficial que se pode reagir a esse ataque diário contra a democracia”, disse Chico Malfitani, um dos fundadores da Gaviões de Fiel e presente na manifestaç­ão. “Nossa ideia agora é ser um ‘gatilho de pólvora’. É riscar o primeiro fósforo, já que os partidos de oposição e movimentos populares não se manifestam. Entendemos que tem pandemia, mas chega uma hora em que temos que mostrar que o povo quer democracia. Nós somos 70%. Não é possível que 30% vão impor vontade de ditadura militar. A Gaviões foi fundada na ditadura, sabemos o que é isso”, acrescento­u.

O grupo responsáve­l pelo protesto reúne diversas lideranças e membros de movimentos organizado­s do futebol - sem barreiras por suas preferênci­as clubística­s. Em tempos de pandemia, o diálogo é realizado pelas redes sociais e busca abranger o máximo possível de torcedores.

A manifestaç­ão teve a primeira faísca há algumas semanas, quando aproximada­mente 60 torcedores do Corinthian­s comparecer­am à avenida Paulista como oposição a um grupo de apoiadores do presidente da República que planejava ato no local.

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