Folha de Londrina

Após 4 meses do 1° caso, PR supera mil mortes por Covid

A curva da doença, que evoluía de forma controlada nos primeiros três meses, teve escalada vertiginos­a nos últimos 30 dias, período em que o estado confirmou 80% dos casos e 70% das mortes por coronavíru­s. Principal preocupaçã­o é com colapso no sistema de

- Vítor Ogawa

Quatro meses depois da primeira confirmaçã­o de Covid19 no Paraná, o Estado atinge a marca de 1.028 mortos pela doença. Agora são 42.058 casos confirmado­s e a curva de transmissã­o da doença não tem cedido. Nos três primeiros meses, entre 12 de março e 12 de junho, o número de casos era 8.705 e o de mortes de 294. Já nos últimos 30 dias, a quantidade de infectados pelo novo coronavíru­s quase quadruplic­ou e as mortes cresceram duas vezes e meia.

Nos 12 dias de julho, período que coincide com a data que começou a vigorar o decreto 4942/20 do governo estadual, que estabelece­u a quarentena em sete das 22 regionais de saúde, foram 19.435 casos confirmado­s, marca que o estado demorou três meses e meio para atingir. Já em relação às mortes, foram 392 neste mês, patamar que só foi superado no dia 18 de junho, de acordo com dados da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde).

De acordo com estudos, a curva de transmissã­o poderia ter diminuído se a mobilidade da população tivesse sido reduzida ainda mais, com a associação do uso de máscaras à adoção de práticas de higiene de forma mais intensa, mas isso não tem acontecido. Há muita resistênci­a por uma parcela da população em adotar as boas práticas para evitar a propagação do vírus, inclusive alguns se arriscam a realizar festas que desafiam qualquer decreto que estabelece distanciam­ento social.

Agora, com a vigência do decreto 4942/20 chegando ao fim na terça-feira (14), a expectativ­a recai sobre a possível decisão do governador Ratinho Junior sobre sua prorrogaçã­o ou não. A decisão havia estabeleci­do a quarentena para 134 municípios divididos em sete das 22 regionais de saúde do Paraná: Cascavel, Cianorte, Cornélio Procópio, Região Metropolit­ana de Curitiba, Londrina,

Foz do Iguaçu e Toledo. Todas deveriam ter fechado as atividades não-essenciais desde o dia 1° deste mês, no entanto houve embate e enfrentame­nto por parte de alguns prefeitos e empresário­s contra a decisão do governador e em muitas localidade­s foi possível ver que estabeleci­mentos comerciais permanecer­am abertos.

Nessa queda de braço entre os poderes executivos municipal e estadual, houve questionam­ento da análise dos dados. Além da saúde pública, há a preocupaçã­o com a saúde de outro paciente: a economia. Empresário­s relatam dificuldad­e de manter suas empresas viáveis, já que há dificuldad­e de fazer a ponte entre os clientes e seus produtos sem abrir as portas. As transações pela internet não acompanhar­am o ritmo que a maioria deles deseja ou necessita para manter o equilíbrio financeiro.

Ao mesmo tempo, o maior temor é que a curva de transmissã­o da doença se acelere a tal ponto que os serviços de saúde não consigam atender a demanda. De nada adianta os governante­s terem preparado mais leitos de UTI aptos a absorver pacientes com o novo coronavíru­s se a taxa de transmissã­o da doença for crescendo em progressão geométrica. Caso isso continue acontecend­o há o risco real de colapso da infraestru­tura disponível para atender os pacientes.

 ??  ??
 ?? Sergio Ranalli/19-5-2020 ?? Dos 893 leitos de UTI adulto no Paraná destinados exclusivam­ente para tratamento de pacientes com Covid-19, 652 estão ocupados, o equivalent­e 73% do total; na macrorregi­ão Norte, a taxa de ocupação é de 53%
Sergio Ranalli/19-5-2020 Dos 893 leitos de UTI adulto no Paraná destinados exclusivam­ente para tratamento de pacientes com Covid-19, 652 estão ocupados, o equivalent­e 73% do total; na macrorregi­ão Norte, a taxa de ocupação é de 53%

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil