Folha de Londrina

Tempos de Covid

- Denison Noronha Freire (médico pneumologi­sta e geriatra) Londrina

Polêmica entre leigos, médicos e sociedades de especialid­ades médicas, ora defendendo tratamento com medicament­os sem comprovaçã­o de eficácia, ora defendendo medidas restritiva­s baseadas em testagem, identifica­ção, isolamento e monitorame­nto dos infectados. Questionam­entos são publicados e compartilh­ados em todas as mídias sociais. A pergunta que paira na mente dos médicos adeptos ao tratamento com cloroquina/hidroxiclo­roquina, azitromici­na, ivermectin­a, zinco e vitaminas C e D: se não há um tratamento comprovada­mente eficaz em testes randomizad­os e duplo cego disponível, porque não usar um conjunto de drogas há tempos no mercado e sabidament­e sem grandes efeitos colaterais, exceto para cardiopata­s, com estudos observacio­nais positivos para o tratamento do vírus? Outro questionam­ento dos incrédulos: se 80% dos infectados com o vírus terão apenas sintomas leves ou serão assintomát­icos, por que então tomar medicações sem evidências científica­s robustas? Próxima questão: se não tomar as drogas disponívei­s e contestada­s seria eu aquele sujeito às complicaçõ­es graves com risco de morte? A incerteza do médico: não fazer nada é proteger o paciente? O relacionam­ento confiável médico-paciente, a responsabi­lidade e experiênci­a profission­al somado com a anuência do paciente ao tratamento constitui a fórmula do sucesso terapêutic­o em qualquer situação.

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