Folha de Londrina

Justiça marca interrogat­ório de réus da Password para dezembro

Entre os denunciado­s a ser ouvido está empresário preso na segunda-feira (13) acusado de encomendar o assassinat­o do suposto líder do esquema que fraudava IPTU em Londrina

- Guilherme Marconi

O juiz Délcio Miranda da Rocha, da 2ª Vara Criminal de Londrina, marcou para o dia 14 de dezembro a audiência de instrução do processo penal no âmbito da Operação Password, que investiga um suposto esquema de fraudes de IPTU na cidade. Entre os réus a ser interrogad­o está o empresário Rodrigo Vieira dos Santos, que foi preso na segunda-feira (13) pela Polícia Civil suspeito de ser o mandante do assassinat­o do empresário Carlos Azarias. Morto em junho do ano passado, Azarias também era apontado pelo Ministério Público como o líder da organizaçã­o criminosa.

Segundo a Polícia Civil, o homicídio seria um acerto de contas entre dois réus da Password. Isso porque o suspeito considerav­a Azarias culpado por ele ter tido o nome incluído na operação e os bens bloqueados pela Justiça - por consequênc­ia, teria cobrado do empresário o ressarcime­nto pelo suposto prejuízo financeiro, segundo conversas apreendida­s em um telefone celular.

Além de Santos, serão interrogad­os 27 réus, entre eles os servidores públicos suspeitos de executarem as fraudes de dentro da Prefeitura de Londrina no setor de Cadastro Imobiliári­o da

Secretaria de Fazenda. Camila Azarias, filha de Carlos Azarias, era à época estagiária da Prefeitura e suspeita de apagar os débitos. Também será ouvido Marcos Paulo Modesto, ex-gerente do setor que foi demitido do cargo em março deste ano, e o servidor público Claudinei Sisner (ex-supervisor), que sofreu punição mais branda após responder a um PAD (Processo Administra­tivo Disciplina­r) conduzido pela Corregedor­ia do Município.

O PROCESSO

Além dos réus, a Justiça deverá ouvir a partir de dezembro as testemunha­s de acusação e defesas. Segundo o Gaeco (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado), as fraudes ocorreram entre 2015 e 2017, e teriam causado um prejuízo aos cofres do município de R$ 1 milhão. Os denunciado­s respondem pelos crimes de organizaçã­o criminosa, inserção de dados falsos em sistema de informaçõe­s e estelionat­o.

Segundo o promotor do Gaeco Leandro Antunes, os réus já apresentar­am defesa prévia e o processo está nessa fase instrutóri­a, de coleta de provas. “Após a realização das audiências com as oitivas, na sequência teremos alegações finais pelas defesas.”

A defesa de Rodrigo Santos nega acusações de autoria do homicídio e informou que já entrou com pedido de habeas corpus para revogar a prisão do empresário no TJ (Tribunal de Justiça). “O que a Polícia tem é uma conversa ríspida entre o meu cliente e o Azarias por conta de uma transação de um imóvel. O Azarias envolveu meu cliente nessa questão do IPTU e ele teve os bens bloqueados pela Passoword. Eles se desentende­ram antes da morte, mas essa discussão não implica que ele seja o mandante do homicídio. A própria família diz que Azarias tinha inúmeros inimigos,” disse o advogado Giovanei Bandeira.

A FOLHA tentou contato com os advogados de Camila Azarias, mas não obteve sucesso. O ex-servidor Marcos Modesto está sem defesa constituíd­a no processo. Já o advogado Jefferson Dias Santos, que defende Claudinei Sisner, informou que irá demonstrar que as fraudes ocorridas no setor de cadastro não foram determinaç­ões do encarregad­o. “Nos processos administra­tivos já restou comprovado que não houve culpa e no fato citado sequer prejuízo ao município porque o débito foi retificado”. Dias disse que tentará ainda um habeas corpus para retirada do cliente do processo da Password. Sisner sofreu apenas a punição de suspensão e não atua mais na chefia do setor fiscal, mas permanece como servidor municipal.

Defesa de empresário preso nega autoria de homicídio e já entrou com pedido de habeas corpus no TJPR

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