Revogue-se o povo
Uma das características da população nessa pandemia é a de que ao primeiro sinal de afrouxamento na quarentena reage de forma transbordada, e como o monitoramento da incidência de casos e de mortes é que dita a orientação, assiste-se ao antigo normal se sobrepondo ao novo como se o surto tivesse chegado ao fim. Restabelecido o movimento nas ruas e em pouco tempo as autoridades se tocam que tudo voltou e há pressão sobre a base hospitalar e postos de saúde de colapso.
E assim a novela se repete e são escassas as condições de criar o “ser coletivo” que pelo isolamento se impõe: o comércio reage e apela à clandestinidade para sobreviver. Revogue-se o sujeito da oração, o povo, que como o passarinho, entre a gaiola e o espaço, faz sua opção e assim prejudica a si mesmo e aos outros e se transforma em suicida. os dias - ao nosso péssimo desempenho nessa pandemia aparecendo como unidade das mais críticas nos registros nacionais da crise. Indicadores elevados de registro da doença e níveis de letalidade nos colocam muito mal no sul e juntos com catarinenses e gaúchos, também normalmente bem situados em IDH, índice de desenvolvimento humano, mas se dando mal nessa empreitada. Todos marcados pelo abre-fecha das contingências em interpretações de curvas estatísticas e da ameaça de asfixia da rede de atendimento com UTIs lotadas. Ontem o governador Ratinho Junior e sua equipe faziam avaliações no sentido de manter a distância e endurecer a quarentena por mais tempo face à constância dos indicadores perversos: mais de mil novos casos e 44 mortes nas últimas vinte e quatro horas. com a imagem da corporação ao enfrentar o crime organizado, o tráfico e as milícias que operam com caraterísticas militares, já que muitos dos seus componentes da ativa ou aposentados são policiais e bombeiros.
Estranhar, por exemplo, a presença excessiva de militares no ministério da Saúde é um direito da cidadania, o que não justifica o lado mais contundente da frase do ministro Gilmar Mendes na referência ao genocídio. A nota do Ministério da Defesa acusando a observação do ministro como leviana e irresponsável não foi considerada suficiente e o vice-presidente reclama um ato de retratação do ministro do STF. Que venham logo as explicações e a retomada da busca de paz, que estava em bom andamento. Se houver a representação na PGR do Ministério da Defesa contra Gilmar que se resolva isso no menor tempo possível.