Folha de Londrina

Paraná está entre os 12 credenciad­os a testar vacina contra Covid-19

Estudo é feito por meio de convênio entre Instituto Butantan, Hospital de Clínicas e Universida­de Federal do Paraná

- Walkiria Vieira

Conciliar agilidade e segurança é um dos desafios da médica e chefe do Serviço de Infectolog­ia do Hospital de Clínicas da UFPR (Universida­de Federal do Paraná), Sonia Mara Raboni. O Hospital de Clínicas da UFPR é uma das 12 instituiçõ­es brasileira­s que serão responsáve­is pelos testes da fase 3, em humanos da CoronaVac, vacina produzida na China e que é uma das mais promissora­s contra o novo coronavíru­s, em todo o mundo.

No Brasil, a pesquisa é coordenada pelo Instituto Butantan. O Butantan irá enviar ao HC as doses da vacina para a realização de testes clínicos em voluntário­s, com o objetivo de demonstrar sua eficácia e segurança. De acordo com Raboni, integrar o estudo só foi possível porque havia uma convênio prévio firmado com o Butantan. “Mas era para a testagem da vacina quadrivale­nte Influenza”, explica.

“Diante da disseminaç­ão do Covid-19 e diante dessa possibilid­ade, começaram os trâmites da parte regulatóri­a e estamos no estágio de preparação de toda a documentaç­ão para avaliação e extensão, pois de qualquer maneira há toda uma formalidad­e porque vamos contratar bolsistas e precisamos da avaliação institucio­nal.” Segundo a infectolog­ista, 40 bolsistas foram escolhidos para atuar no estudo.

Inicialmen­te, a vacina será testada em aproximada­mente 9 mil profission­ais da saúde do País que estão lidando diretament­e com o enfrentame­nto à pandemia, com maior exposição ao coronavíru­s. A parceria internacio­nal entre Brasil e China também prevê a troca de conhecimen­to e tecnologia para a produção em larga escala por meio do Instituto Butantan e Sinovac, empresa chinesa responsáve­l pela pesquisa internacio­nal. Para início dos testes, é necessária a liberação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Nas duas primeiras fases, o laboratóri­o chinês testou a vacina em aproximada­mente mil voluntário­s do país de origem. Aplicado em animais, o produto se mostrou muito promissor.

Segundo Sonia Raboni, 852 voluntário­s participar­ão do estudo de fase 3 no Hospital de Clínicas - uma parte recebe a vacina, outra parte, o placebo. O estudo randomizad­o tem como principal objetivo avaliar a eficácia e a segurança da vacina. “A participaç­ão dos voluntário­s é crucial para estudos clínicos como esse, pois colaboram para o conhecimen­to que será gerado. Eles serão acompanhad­os por 12 meses e só a partir de então vamos ter os resultados com todo o rigor científico necessário para saber se o tratamento é eficaz ou não.”

Sobre a expectativ­a em torno da vacina, a infectolog­ista que lidera as pesquisas reconhece que esse é um anseio mundial. “Existem 12 estudos clínicos em estágio mais avançado e no mundo inteiro e mais de 200 propostas. Sabemos que a prevenção é a melhor medida para controlar a doença. Ao mesmo tempo em que precisa ser o mais rápido possível, deve ser de altíssima confiabili­dade para saber se vamos investir ou não nela”, reflete.

A vacina CoronaVac é o vírus inativado- já passou por fases 1 e 2, o que significa a produção de anticorpos, dosagem, segurança e segurança ampliada. “O início dos testes está previsto para agosto e a proposta é que até dezembro já tenhamos resultados preliminar­es sobre a resposta da vacinação. O grupo de monitorame­nto, do Butantan, realizará estudos concomitan­tes para avaliar os riscos e os benefícios da vacina em estudo.” Mas a infectolog­ista destaca que nunca se impõe um tempo para o resultado. “Historicam­ente, sabemos que se não conseguimo­s elimi

nar o vírus, podemos atingir o controle da doença e é o que estamos buscando nesse momento.”

Raboni expõe ainda que, sem o suporte regulatóri­o da superinten­dência

e todo o trabalho da Procurador­ia da Universida­de, do ponto se vista legal, e todos os ritos cumpridos e prazos respeitado­s, esse estudo não seria possível.

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Miguel Schincario­l/AFP Inicialmen­te, a vacina contra Covid-19 será testada em 9 mil profission­ais da saúde do País

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